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Maior débito é com a empresa do vice
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A prestação de contas do PT do
ano passado, entregue anteontem
à Justiça Eleitoral, mostra que R$
11 milhões, ou quase um quarto
da dívida reconhecida pelo partido, é com a Coteminas, empresa
têxtil da família do vice-presidente da República, José Alencar.
O PT também deve cerca de R$
14 milhões para bancos e reconhece débitos com vários dos
principais protagonistas do escândalo do mensalão. O publicitário Marcos Valério Fernandes
de Souza, arquiteto do esquema
de financiamento ilegal montado
pelo partido no passado, é credor
de R$ 393 mil; o publicitário Duda
Mendonça, que confessou ter recebido pagamentos por meio de
offshores, tem a receber R$ 210
mil, por meio da empresa CEP
(Comunicação e Estratégia Política). Até o ex-secretário-geral do
partido, Sílvio Pereira, tem direito
ao pagamento de R$ 4.184,26.
Coteminas
À Coteminas são devidos R$
11.031.216,48, pela confecção de
2,75 milhões de camisetas para as
campanhas municipais do partido de 2004, ou 23,66% do rombo
petista. No ano passado, a Coteminas recebeu R$ 1 milhão do PT
para o abatimento da dívida.
Os petistas admitem dívidas
com três bancos: Rural, BMG e
Banco do Brasil. Foram essas as
instituições que alimentaram a
parte "oficial" das finanças petistas na gestão do então secretário
de Finanças do PT, Delúbio Soares. Para o Banco Rural, o PT deve
R$ 6.017.464,76; para o BMG, R$
4.404.901,49; e para o Banco do
Brasil, R$ 3.505.259,14.
Mas os empréstimos "não contabilizados", que, segundo Marcos Valério, somam quase R$ 110
milhões, ficaram de fora da prestação de contas do partido.
A parcela de R$ 351.508,20 paga
por Valério em nome do PT, por
ter avalizado o empréstimo junto
ao BMG, é reconhecida pelo partido. Da mesma forma, a prestação
de contas acusa a existência de dívida com uma das muitas empresas do publicitário, a Multi Action, no valor de R$ 41.716,08. Segundo o atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira, esta última teria sido quitada no início do ano.
Duda
Já o débito com a CEP, empresa
controlada por Duda Mendonça,
está sendo negociado. É mais uma
herança da eleição de 2004, em
que o publicitário fez campanhas
petistas em cinco capitais (São
Paulo, Curitiba, Belo Horizonte,
Recife e Goiânia).
"Nos próximos meses, será possível quitar dívidas com vários
dos fornecedores, para ter mais
fôlego para resolver os casos mais
complexos", afirma Ferreira. Segundo ele, todas as dívidas, incluindo a da Coteminas, estão
sendo negociadas amigavelmente. A única exceção é Valério, que
cobra o PT na Justiça.
A Folha entrou em contato ontem com o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva (filho
de José Alencar), mas a informação foi de que ele estava viajando.
Vários dirigentes ou ex-dirigentes petistas aparecem como credores do PT. O próprio presidente da legenda, Ricardo Berzoini,
tem R$ 12 mil a receber. Ferreira
afirma que o valor pode se referir
a despesas de viagens pagas pelo
dirigente e depois cobradas do
partido. Seria essa também a razão para a dívida com Pereira, que
se desfiliou do partido após vir a
público a informação de que recebeu um Land Rover de uma empresa.
Doadores
Entre os doadores declarados,
as maiores contribuições vieram
de empresas de áreas de infra-estrutura. A campeã, com R$ 600
mil, é a Petrowax, fabricante de
lubrificantes sediada em Iperó
(SP), seguida pela Companhia Siderúrgica Nacional (R$ 500 mil),
TEC Participações (R$ 350 mil),
Construtora OAS (R$ 300 mil) e
Coesa Engenharia (R$ 220 mil).
O total de doações recebidas pelo partido em 2005 foi R$
3.334.830,52, valor bem menor do
que o de 2004, quando entraram
nos cofres petistas mais de R$ 14
milhões oriundos de pessoas jurídicas e físicas.
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