|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Opção a hidrelétrica é usina nuclear, diz Lula
Presidente diz que fala "até com o papa" para agilizar concessão de licenças ambientais e ampliar produção de energia hidráulica
Petista também defende, em discurso a empresários, linhas de transmissão de energia para a integração dos países da América do Sul
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA
Ao inaugurar ontem, às margens do rio Araguari, em Uberlândia (MG), um complexo formado por duas usinas hidrelétricas em um consórcio liderado pela Vale do Rio Doce, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um enfático discurso
contra o setor ambiental ao dizer que a energia hidráulica é a
mais barata e que é preciso enfrentar as resistências para investir nas usinas hidrelétricas.
Num recado aos ambientalistas, Lula disse: "Ou nós fazemos as hidrelétricas que temos
que fazer, vencendo todos os
obstáculos, ou vamos entrar na
era da energia nuclear."
Semana passada, a ministra
Marina Silva (Meio Ambiente)
se opôs à construção da usina
nuclear Angra 3 e defendeu as
termelétricas, a energia eólica e
a energia solar. Lula, porém,
criticou as alternativas. Segundo ele, não é possível "tocar o
país com energia solar e eólica".
Lula afirmou aos empresários presentes que é preciso recorrer a quem quer se seja para
obter as licenças ambientais,
até mesmo ao papa Bento 16.
Estavam presentes o presidente da Vale, Roger Agnelli, e a direção do banco Bradesco.
"Não temos escolha, meus
caros empresários. Ou fazemos
o que tem que ser feito (...) E aí
temos que conversar com o Ministério Público, com as entidades de meio ambiente, com as
ONGs, com os tribunais de contas, aproveitar que o papa está
vindo aqui e conversar com o
papa, porque o Brasil não pode
parar por falta de energia."
Os ministérios da Casa Civil e
de Minas e Energia, com o
apoio de Lula, vêm travando
disputa com o Ministério do
Meio Ambiente quanto ao licenciamento de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, em
Rondônia. Sob pressão, Marina
Silva trocou ocupantes de cargos importantes, mas tem afirmado que a legislação e o ambiente serão respeitados.
O presidente da Vale deu a
deixa para Lula endurecer o
discurso. Agnelli citou o complexo que inaugurava como
"exemplo cabal de que é possível compatibilizar o desenvolvimento com responsabilidade
socioambiental". O empresário
disse ainda que, além da preservação ambiental, o "legado"
que se deve deixar é a "riqueza
da geração de energia".
"Eu acho que nós deveríamos
perseguir isso insistentemente
para deixar para as futuras gerações esse legado que será,
sem dúvida nenhuma, de extraordinária importância." Lula apoiou Agnelli: "Nenhum
empresário virá investir se não
dermos a certeza de que haverá
energia para as indústrias brasileiras e estrangeiras".
Lula defendeu os investimentos em hidrelétricas e em
linhas de transmissão para integrar a América do Sul, dizendo que é preciso "enfrentar o
problema legal e ambiental".
No discurso, Lula falou de
biodiesel e de álcool. Disse que
o mundo irá se "curvar" a isso.
"A questão do álcool e do biodiesel é irreversível. Podem falar o que quiserem, mas é irreversível, o mundo vai se curvar
aos combustíveis renováveis, o
mundo vai se curvar e, na hora
em que o mundo se curvar, não
tem ninguém que possa competir com o Brasil."
Segundo ele, é a falsa a idéia
de que o incentivo ao álcool
possa trazer o avanço da monocultura da cana à Amazônia.
Texto Anterior: Trabalho em ONG: Investigados defendem projetos de urbanização Próximo Texto: Ibama diz que tem dúvidas sobre usinas em RO Índice
|