São Paulo, sexta-feira, 04 de maio de 2007

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Opção a hidrelétrica é usina nuclear, diz Lula

Presidente diz que fala "até com o papa" para agilizar concessão de licenças ambientais e ampliar produção de energia hidráulica

Petista também defende, em discurso a empresários, linhas de transmissão de energia para a integração dos países da América do Sul


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA

Ao inaugurar ontem, às margens do rio Araguari, em Uberlândia (MG), um complexo formado por duas usinas hidrelétricas em um consórcio liderado pela Vale do Rio Doce, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um enfático discurso contra o setor ambiental ao dizer que a energia hidráulica é a mais barata e que é preciso enfrentar as resistências para investir nas usinas hidrelétricas.
Num recado aos ambientalistas, Lula disse: "Ou nós fazemos as hidrelétricas que temos que fazer, vencendo todos os obstáculos, ou vamos entrar na era da energia nuclear."
Semana passada, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) se opôs à construção da usina nuclear Angra 3 e defendeu as termelétricas, a energia eólica e a energia solar. Lula, porém, criticou as alternativas. Segundo ele, não é possível "tocar o país com energia solar e eólica".
Lula afirmou aos empresários presentes que é preciso recorrer a quem quer se seja para obter as licenças ambientais, até mesmo ao papa Bento 16. Estavam presentes o presidente da Vale, Roger Agnelli, e a direção do banco Bradesco.
"Não temos escolha, meus caros empresários. Ou fazemos o que tem que ser feito (...) E aí temos que conversar com o Ministério Público, com as entidades de meio ambiente, com as ONGs, com os tribunais de contas, aproveitar que o papa está vindo aqui e conversar com o papa, porque o Brasil não pode parar por falta de energia."
Os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia, com o apoio de Lula, vêm travando disputa com o Ministério do Meio Ambiente quanto ao licenciamento de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia. Sob pressão, Marina Silva trocou ocupantes de cargos importantes, mas tem afirmado que a legislação e o ambiente serão respeitados.
O presidente da Vale deu a deixa para Lula endurecer o discurso. Agnelli citou o complexo que inaugurava como "exemplo cabal de que é possível compatibilizar o desenvolvimento com responsabilidade socioambiental". O empresário disse ainda que, além da preservação ambiental, o "legado" que se deve deixar é a "riqueza da geração de energia".
"Eu acho que nós deveríamos perseguir isso insistentemente para deixar para as futuras gerações esse legado que será, sem dúvida nenhuma, de extraordinária importância." Lula apoiou Agnelli: "Nenhum empresário virá investir se não dermos a certeza de que haverá energia para as indústrias brasileiras e estrangeiras".
Lula defendeu os investimentos em hidrelétricas e em linhas de transmissão para integrar a América do Sul, dizendo que é preciso "enfrentar o problema legal e ambiental".
No discurso, Lula falou de biodiesel e de álcool. Disse que o mundo irá se "curvar" a isso.
"A questão do álcool e do biodiesel é irreversível. Podem falar o que quiserem, mas é irreversível, o mundo vai se curvar aos combustíveis renováveis, o mundo vai se curvar e, na hora em que o mundo se curvar, não tem ninguém que possa competir com o Brasil."
Segundo ele, é a falsa a idéia de que o incentivo ao álcool possa trazer o avanço da monocultura da cana à Amazônia.


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