São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Lula e a oposição

Lula apelou ao sul para dar, afinal, uma longa entrevista. Falou aos "editores, colunistas e comunicadores" do grupo RBS, com reprodução nas emissoras regionais vinculadas à Globo, na rádio Gaúcha e no jornal "Zero Hora", entre outros.
Disse que, ao ser eleito, tomou a "decisão de não ir para a TV chorar e comparar os dois governos", embora toda a propaganda petista recente tenha feito precisamente isso.
E ele próprio, na entrevista, não perdeu de vista a "oposição" em momento nenhum. Disse que "todos os dias surgem novos esqueletos" de FHC. Citou três e ficou repetindo:
- Não estava no Orçamento. E eu tenho que pagar.
Sobre as eleições municipais, declarou que elas "nunca foram e nunca serão um plebiscito do governo federal":
- O Fernando Henrique perdeu e foi reeleito.
Garantiu que não vai "subir em palanque nem em São Paulo", mas acrescentou:
- Não pretendo...
Saudou a "grande vitória" de anteontem no salário mínimo e disse, sobre o valor:
- Alguém no país gostaria de dar um mínimo maior que eu? Nem o Arthur Virgílio!
Virgílio é o líder do PSDB no Senado. Lula foi obsessivo até ao falar da cobertura, pedindo comparação com FHC:
- A imprensa é infinitamente mais pessimista do que a população. Para fazer direito, tem que comparar o Brasil de hoje com o de outras épocas.
Por fim, descrição dele para a atual oposição:
- A oposição hoje é a mesma que o Fernando Henrique tinha. Até o discurso é o mesmo.
 
Tamanha obsessão pode ter se intensificado ainda mais ontem. Como se assistiu nos telejornais, Lula e a oposição ficaram frente a frente, na posse no Supremo.

O RETRATO


emprego em Santos
Para a Globo, é o "retrato do desemprego". O porto de Santos está abrindo 300 vagas para estivadores, "as inscrições só começam na segunda-feira" que vem -e os candidatos já estão na fila há cinco dias, com previsão de ficar mais três. Os candidatos apelam para cobertores e até barracas, outros se revezam em cadeiras na fila. De um desempregado, ouvido pela emissora:
- A gente está fazendo um turno de seis horas. São quatro períodos por dia.

Lula e o Senado
De Lula, à RBS, sobre a votação do mínimo no Senado:
- Vai ser mais difícil, porque há uma concentração de forças mais apertada. O grande "bunker" do PSDB é o Senado.
O ministro José Dirceu, ao lado dele, concordou.
Franklin Martins, à tarde na Globo, foi "mais realista":
- No frigir dos ovos, o novo mínimo também será aprovado no Senado. A votação na Câmara mostrou que o governo continua com maioria no Congresso.
À noite no JN, Martins atenuou sua certeza de vitória.

"Traição"
O Bom Dia Brasil falou em "traição", mas não de Lula a seus eleitores, como cantou a oposição, e sim do PL e de parte do PMDB ao governo.
Alexandre Garcia gastou ironia com o partido de Michel Temer, chamado de "mistura de governo e oposição", com "as vantagens" do poder e aquelas de parecer "bom moço".

Oferta e procura
Um título do "Valor", ontem, sobre a prefeita de São Paulo e a negociação do apoio do PMDB e do PL à sua reeleição:
- Marta Suplicy oferece cargos para atrair frente.
E um título do jornal "O Estado de S.Paulo", idem:
- Vereadores querem cargos para apoiar Marta.

A volta da Cobra
A cobertura do 5º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, vai do argentino "Clarín" ao site noticioso criado por Frei Betto, o Adital.
Mas a notícia na área, ontem, estava no "Valor": um pacote de software livre da Cobra, aquela mesma, hoje ligada ao Banco do Brasil. O lançamento ganhou o nome estranho de "Freedows", em oposição ao Windows.

Modelos
A "Economist" traz cobertura especial da Argentina em sua nova edição. Em linhas gerais, diz que o país deve acertar os pagamentos aos credores e buscar "modelos nos lugares certos".
Questiona a importância do Mercosul e diz que o exemplo a seguir é o Chile, com sua "abertura comercial". Mas a revista comete a heresia de elogiar as políticas de Carlos Menem.

FHC na Argentina
Quem também anda por Buenos Aires é FHC. Segundo o "La Nacion", ele esteve lá anteontem, para mais uma palestra, mas também para encontro com o presidente da União Cívica Radical, de oposição.

"Eleição"
O "USA Today" noticiou que o primeiro-ministro do Iraque obteve sua indicação depois de contratar empresas de lobby e marketing em Washington.

A OUTRA MISSÃO NO HAITI


brasileira, ontem
A missão brasileira no Haiti, além da cobertura diária de emissoras como Globo ou CNN em espanhol, estimula análises na imprensa americana -sublinhando sempre que não se trata só de operação militar, por ser um país tão pobre.
No "Miami Herald" de ontem, dois acadêmicos escreviam que "é de interesse dos EUA aceitar o apoio do Brasil" na região, saudavam "mais um sinal de que o país está surgindo como um jogador global" -e, sobretudo, sugeriam o que o Brasil deve fazer para desempenhar "um papel central no desenvolvimento do Haiti".
De sua parte, análise da agência conservadora UPI, vinculada ao "Washington Times", sublinhava ontem que o Brasil, além de pôr ordem num Haiti que o ex-presidente Aristide deixou em caos, "precisa achar um jeito de lidar com uma população faminta".


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