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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/UM ANO DEPOIS
Lula já recebeu mais pedidos de
impeachment que FHC em 8 anos
Petista foi alvo, até dia 30, de 26 representações, contra 22 do ex-presidente
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em três anos e cinco meses
de governo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva já recebeu
mais pedidos de impeachment
do que os protocolados nos oito
anos de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). Até o dia
30, acumulam-se na Câmara
dos Deputados 26 representações contra Lula; FHC foi alvo
de 22 em seus dois mandatos.
Popularizado desde que resultou no afastamento e renúncia de Fernando Collor (1990-1992), o instrumento não teve
uso desde então. Todos os pedidos contra FHC foram arquivados de imediato, assim como
vem ocorrendo em relação
àqueles feitos contra Lula.
O ápice dos pedidos de afastamento contra o petista aconteceu após o estouro da crise do
mensalão, em junho do ano
passado. Dos 26 pedidos de impeachment contra ele, 16 são
relacionados ao escândalo.
"Quando o tempo passar, esse fétido período da história do
Brasil virá emporcalhar os livros de história de nossos filhos, netos e bisnetos, diante do
espetáculo de confissões de delitos criminais prolatados de
público, em viva voz", escreve
em seu pedido o produtor rural
Vitor Manoel Pedroso.
A maioria dos pedidos foi feita por cidadãos comuns, como
advogados e funcionários públicos. O ex-líder do PSDB na
Câmara, deputado Alberto
Goldman (SP), é o único político de expressão a assinar um
pedido de impeachment. Ele
pediu a punição a Lula por suposta omissão ao não ter determinado investigação sobre "um
grande processo de corrupção"
ocorrido em uma estatal durante a gestão anterior.
Na relação de pedidos figura
o feito pelo colunista da revista
"Veja" Diogo Mainardi, que
montou sua representação com
os principais trechos do pedido
de impeachment contra Collor,
trocando o nome "Collor" por
"Lula": no lugar de Paulo César
Farias, caixa de campanha de
Collor e pivô do escândalo que
o derrubou, entra o nome de
José Dirceu, apontado como o
"chefe" do mensalão por Roberto Jefferson (PTB).
O processo de perda do mandato de um presidente por
meio do impeachment é muito
difícil. Primeiro, o presidente
da Câmara tem que acatá-lo. O
atual, Aldo Rebelo (PC do B-SP), é um dos principais aliados
de Lula. Se aceito, o pedido só
se transforma em processo caso dois terços do plenário da
Câmara (342 de 513) o aprovem. A partir daí, o presidente é
afastado temporariamente e o
caso vai ao Senado. A cassação
só ocorre com o apoio de dois
terços do Senado (54 de 81).
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