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MENSALÃO
Empresários fraudaram Correios, diz Procuradoria
Ministério Público também citará servidores suspeitos
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Procuradoria da República
no Distrito Federal apresenta
nesta semana à Justiça em Brasília as primeiras ações de improbidade que resultam de um
ano de crise política. Os principais alvos são os empresários
Arthur Washeck e Antonio Velasco, donos da Comam, e José
Fortuna Neves, da Atrium. Segundo o Ministério Público,
que age articulado com servidores da estatal, os empresários, sob título de "prospectores de negócios", teriam fraudado licitações e entregue produtos de baixa qualidade.
Velasco e Washeck serão
chamados a responder judicialmente pelo fornecimento aos
Correios de 920 cofres abaixo
da especificação prevista no
edital. O valor da licitação, cujo
contrato foi assinado em julho
de 2002, é de R$ 4,98 milhões.
Fortuna deverá explicar à
Justiça o contrato de R$ 3,36
milhões firmado pela Aerotécnica União Indústria e Comércio Ltda. para fornecer, em janeiro de 2004, sistema de melhoria da qualidade do ar no
Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas de Benfica
(RJ). Técnicos dos Correios detectaram pendências no pacote
comprado -situação que atualmente se encontra regularizada, conforme a assessoria de
imprensa dos Correios.
À Justiça, Fortuna será apontado como intermediário dos
interesses da Aerotécnica.
Nas ações, o Ministério Público também indicará servidores dos Correios que teriam
atuado em conluio com os empresários em detrimento dos
interesses dos Correios.
Atos de improbidade configuram graves irregularidades
administrativas, práticas que
atropelam disposições da
Constituição, segundo as quais
é dever do cidadão zelar pelo
patrimônio público.
Os atos têm como conseqüência enriquecimento ilícito
do agente e prejuízo ao erário.
As sanções são ressarcimento
ao tesouro, multa, perda de direitos políticos e indisponibilidade de bens.
Outro lado
O advogado da Comam, Rivaldo Lopes, e um dos sócios da
Aerotécnica União, Washington Pavan, disseram que as empresas não praticaram irregularidades e que não vão se pronunciar sobre o assunto neste
momento. Fortuna não foi localizado pelo telefone celular.
Washeck foi o mentor da gravação que flagrou o ex-servidor
dos Correios Maurício Marinho recebendo propina de
R$ 3.000, estopim da crise que
levou à revelação do mensalão.
Os contratos alvos das primeiras ações não passaram pelas mãos de Marinho, diz o Ministério Público. Ele tem colaborado com a investigação, do
que deve resultar um pedido de
redução de isenção de pena.
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