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De volta, Alckmin diz que será soldado contra governo Lula
Tucano, derrotado pelo petista em 2006, retornou ontem de temporada nos EUA e foi recebido aos gritos de "prefeito'
Ex-governador de São Paulo alega que é cedo para falar
em eleição e prega firmeza da oposição na relação com o presidente Lula e com o PT
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Candidato derrotado por
Luiz Inácio Lula da Silva na
eleição do ano passado, o tucano Geraldo Alckmin afirmou
ontem, no seu retorno ao Brasil
após temporada de cinco meses
nos EUA, que percorrerá o país
para fortalecer a oposição ao
presidente petista e para reorganizar as bases do PSDB.
"É fundamental para o Brasil
ter uma boa oposição firme,
que cobre, que fiscalize. Tenho
conversado com o presidente
do PSDB, o Tasso [Jereissati], e
disse a ele que vou me incorporar como soldado a esse trabalho", disse, assim que desembarcou, por volta das 8h, no aeroporto de Guarulhos.
Ele foi recebido aos gritos de
"meu prefeito" por cerca de 80
correligionários tucanos, que
seguravam faixas com dizeres
como "bem-vindo, a luta continua" e agitavam bandeiras da
campanha eleitoral de 2006. O
tucano estudou, de janeiro até
o mês passado, políticas públicas na Universidade de Harvard, em Boston.
Apesar do entusiasmo do
grupo, o ex-governador de São
Paulo [2001-2006] manteve o
discurso de que ainda é cedo
para decidir se será ou não candidato a prefeito ano que vem.
"Tudo tem seu tempo. Eleição é
em ano par", afirmou.
Pelo menos oito deputados
federais, oito estaduais, o presidente da Assembléia paulista,
Vaz de Lima, os presidentes dos
diretórios municipal e estadual
e ex-secretários de sua gestão
engrossavam as fileiras de
"alckmistas" no aeroporto.
Nenhum secretário do governador de São Paulo, José Serra,
ou do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), que tem
três tucanos no primeiro escalão, compareceu ao aeroporto.
Disputa interna
Antes de decidir se concorrerá na sucessão do aliado Kassab, Alckmin terá de enfrentar
a disputa interna do PSDB, que
até o final deste ano escolherá o
substituto do senador Tasso
Jereissati (CE) e até agora está
desarticulado na oposição a Lula. No segundo turno da eleição
para a presidência da Câmara
dos Deputados, em fevereiro, o
partido rachou e boa parte de
seus parlamentares votou no
petista Arlindo Chinaglia.
Aliados do ex-governador,
querem que ele ocupe o principal cargo do partido. "Não preciso estar na presidência para
fazer oposição", disse Alckmin.
Ele, no entanto, utilizará a
série de viagens pelo país para
consultar as bases antes de tomar uma decisão, já que Serra e
Aécio Neves (governador de
Minas Gerais), de olho em
2010, têm restrições ao projeto.
Em privado, os aliados de
Alckmin reconhecem que o nome mais cotado hoje para assumir a liderança do partido é o
do senador Sérgio Guerra (PE),
mas avaliam que, caso o ex-governador se coloque como candidato, a vaga será dele.
Questionado sobre se Serra e
Aécio não estão fazendo oposição a Lula, Alckmin minimizou: "A tarefa de governador é
governador, [oposição] cabe ao
partido", disse.
País parado
O ex-governador retomou o
tom da fase final de sua campanha ao criticar o presidente ontem. "Fiquei praticamente
meio ano fora do Brasil e vejo
que as coisas não mudaram:
mais um escândalo de corrupção e o Lula viajando", disse.
Alckmin teve 37 milhões de
votos em 2006, contra 58 milhões de Lula. "O primeiro ano
de um governo é o ano das reformas. Se o presidente não fizer nada neste ano, não vai fazer mais", afirmou.
Alckmin desembarcou sozinho. Os filhos Geraldinho e
Thomaz o esperavam. Segundo
o ex-governador, que é formado em Medicina, ele lecionará
em universidades paulistas.
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