São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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De volta, Alckmin diz que será soldado contra governo Lula

Tucano, derrotado pelo petista em 2006, retornou ontem de temporada nos EUA e foi recebido aos gritos de "prefeito'

Ex-governador de São Paulo alega que é cedo para falar em eleição e prega firmeza da oposição na relação com o presidente Lula e com o PT

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Candidato derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva na eleição do ano passado, o tucano Geraldo Alckmin afirmou ontem, no seu retorno ao Brasil após temporada de cinco meses nos EUA, que percorrerá o país para fortalecer a oposição ao presidente petista e para reorganizar as bases do PSDB.
"É fundamental para o Brasil ter uma boa oposição firme, que cobre, que fiscalize. Tenho conversado com o presidente do PSDB, o Tasso [Jereissati], e disse a ele que vou me incorporar como soldado a esse trabalho", disse, assim que desembarcou, por volta das 8h, no aeroporto de Guarulhos.
Ele foi recebido aos gritos de "meu prefeito" por cerca de 80 correligionários tucanos, que seguravam faixas com dizeres como "bem-vindo, a luta continua" e agitavam bandeiras da campanha eleitoral de 2006. O tucano estudou, de janeiro até o mês passado, políticas públicas na Universidade de Harvard, em Boston.
Apesar do entusiasmo do grupo, o ex-governador de São Paulo [2001-2006] manteve o discurso de que ainda é cedo para decidir se será ou não candidato a prefeito ano que vem. "Tudo tem seu tempo. Eleição é em ano par", afirmou.
Pelo menos oito deputados federais, oito estaduais, o presidente da Assembléia paulista, Vaz de Lima, os presidentes dos diretórios municipal e estadual e ex-secretários de sua gestão engrossavam as fileiras de "alckmistas" no aeroporto.
Nenhum secretário do governador de São Paulo, José Serra, ou do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), que tem três tucanos no primeiro escalão, compareceu ao aeroporto.

Disputa interna
Antes de decidir se concorrerá na sucessão do aliado Kassab, Alckmin terá de enfrentar a disputa interna do PSDB, que até o final deste ano escolherá o substituto do senador Tasso Jereissati (CE) e até agora está desarticulado na oposição a Lula. No segundo turno da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro, o partido rachou e boa parte de seus parlamentares votou no petista Arlindo Chinaglia.
Aliados do ex-governador, querem que ele ocupe o principal cargo do partido. "Não preciso estar na presidência para fazer oposição", disse Alckmin.
Ele, no entanto, utilizará a série de viagens pelo país para consultar as bases antes de tomar uma decisão, já que Serra e Aécio Neves (governador de Minas Gerais), de olho em 2010, têm restrições ao projeto.
Em privado, os aliados de Alckmin reconhecem que o nome mais cotado hoje para assumir a liderança do partido é o do senador Sérgio Guerra (PE), mas avaliam que, caso o ex-governador se coloque como candidato, a vaga será dele.
Questionado sobre se Serra e Aécio não estão fazendo oposição a Lula, Alckmin minimizou: "A tarefa de governador é governador, [oposição] cabe ao partido", disse.

País parado
O ex-governador retomou o tom da fase final de sua campanha ao criticar o presidente ontem. "Fiquei praticamente meio ano fora do Brasil e vejo que as coisas não mudaram: mais um escândalo de corrupção e o Lula viajando", disse.
Alckmin teve 37 milhões de votos em 2006, contra 58 milhões de Lula. "O primeiro ano de um governo é o ano das reformas. Se o presidente não fizer nada neste ano, não vai fazer mais", afirmou.
Alckmin desembarcou sozinho. Os filhos Geraldinho e Thomaz o esperavam. Segundo o ex-governador, que é formado em Medicina, ele lecionará em universidades paulistas.


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