São Paulo, segunda-feira, 04 de junho de 2007

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QUESTÃO AGRÁRIA

Planalto ameaça descontar salários de grevistas do Incra

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ciente da possibilidade de uma paralisia total da reforma agrária a partir de hoje, o Planalto decidiu radicalizar com os grevistas do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O governo fez chegar aos servidores que nenhuma mesa de negociação será aberta e que todos terão seus dias em greve, que já somam 13, descontados. Segundo a Cnasi (associação nacional de servidores do órgão), das 30 superintendências, 27 já estão paradas, além da sede, em Brasília. Outras três (AL, RS e RN), segundo a associação, devem aderir hoje à greve.
O recado foi dado pelo presidente do Incra, Rolf Hackbart, após reunião com Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).
O aval ao Planejamento, para não abrir uma mesa de negociação, e ao Desenvolvimento Agrário, para descontar o salário dos grevistas, é do próprio presidente Lula. Essa é a quarta paralisação da autarquia na gestão petista. Somando as greves de 2004, 2005 e 2006, são cerca de 120 dias parados.
"Vamos buscar um amparo jurídico para não permitir que o governo adote uma medida inaceitável e de coerção como essa. Não vamos nos curvar, vamos ao enfrentamento", disse José Vaz Parente, da direção da Cnasi.
Uma greve geral no Incra engessaria todo o processo de reforma agrária, como vistoria de imóveis rurais, desapropriação de terras, divisão de lotes e seleção de famílias e a distribuição de cestas básicas em acampamentos de famílias sem-terra.
O órgão conta hoje com cerca de 6.200 servidores. Desde 2004, as principais reivindicações dos funcionários se repetem, como a reestruturação da carreira, a recomposição da força de trabalho, o reaparelhamento da autarquia e a manutenção mínima de gratificações aos servidores inativos -cerca de 4.000 pessoas.


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