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Aécio sobe tom e discursa como "anti-Lula"
Em evento para mulheres do PSDB, tucano critica aparelhamento da máquina pelo PT e falta de transparência do governo
"Temos noção mais clara do que diferencia o público do privado", disse governador, ao comparar os partidos e defender unidade do PSDB
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora tenha mais uma vez
prometido ser o "pós-Lula", o
governador e presidenciável
Aécio Neves (PSDB-MG) comportou-se ontem bem mais como um "anti-Lula", inclusive
ironizando o mais famoso bordão presidencial.
Em empolgado discurso em
evento de mulheres tucanas, o
"nunca antes na história deste
país" foi usado pelo mineiro para criticar o aparelhamento da
máquina pública pelo PT.
"Nunca antes neste país se
viu uma distribuição tão farta
de cargos públicos sem a mínima compreensão de que, para
ocupar uma função pública, é
fundamental ter o conhecimento específico daquela
ação", afirmou o governador.
Com o evento só para si, após
os cancelamentos de última
hora do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do outro presidenciável tucano, o governador José Serra (SP), Aécio
subiu o tom contra Lula e o PT
de uma maneira incomum.
Diversas farpas foram lançadas em discurso aplaudido pelas cerca de 500 pessoas presentes ao evento, a maioria mulheres. "Somos melhores do
que eles [o PT] para governar.
Temos mais responsabilidade.
Temos melhores quadros. Temos mais experiência. E temos
a noção mais clara do que diferencia o público do privado e
também do partidário", disse.
O evento era para comemorar dez anos do PSDB Mulher e
criar o Prêmio Ruth Cardoso, a
ser concedido a quem se destacou na defesa de causas femininas. Mas teve ares de comício.
A CPI da Petrobras, proposta
por tucanos, virou exemplo para Aécio da falta de transparência do governo. "O Brasil precisa voltar a viver o tempo de administrações que tenham metas, que tenham acompanhamento, que sejam transparentes, que não temam CPIs. A Petrobras é do povo brasileiro, e a
ação do PSDB é para que continue a ser do povo brasileiro".
O tom de Aécio pode ser visto
como tentativa de realçar sua
oposição ao governo. Tradicionalmente, ele, que já foi sondado por partidos da base de Lula
para ser candidato a presidente
(PMDB, PSB e PR são exemplos), procura reconhecer que
houve avanços no atual governo e promete avanços maiores.
Apesar de dizer que não será
vice de Serra, o mineiro fez vários acenos no discurso a seu
adversário interno, a quem
chamou de "nosso companheiro governador José Serra".
A Folha revelou que Aécio
fez acordo informal para formar chapa com Serra, mas ambos negam publicamente.
"O instrumento mais vigoroso para que possamos chegar
vitoriosos em 2010 é a nossa
unidade", afirmou.
Depois, em rápida entrevista
após tirar fotos e distribuir beijos, Aécio admitiu que os índices de Serra nas pesquisas são
"estimulantes" para o partido.
Segundo a última pesquisa Datafolha, Aécio aparece em
quarto lugar, com 14%, no cenário em que ele é o único candidato do PSDB.
Ele previu também uma disputa difícil com a provável candidata de Lula à Presidência, a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil). "Acredito que ela se consolidará em torno dos 30%. A
partir daí, é o próprio candidato que tem que se afirmar."
O mineiro defendeu a governadora Yeda Crusius (RS), que
enfrenta acusações de corrupção: "Tenho absoluta convicção de que Yeda saberá responder a essas acusações".
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