São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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DIREITOS HUMANOS
Entidade critica investigação de assassinato
OEA condena Brasil por morte no Pará

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O Brasil foi condenado ontem na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) pela morte de João Canuto, primeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, no sul do Pará, e pela deficiência na apuração do crime, ocorrido em dezembro de 1985.
Segundo James Cavallaro, diretor no Brasil da Human Rights Watch, esta é a primeira vez, desde a ratificação pelo Brasil da Convenção Americana, em 1992, que o país é condenado pela OEA. A decisão da comissão foi divulgada oficialmente ontem em Caracas (Venezuela).
João Canuto foi assassinado no dia 18 de dezembro por dois pistoleiros em consequência da disputa de terras entre agricultores e proprietários rurais.
Segundo o relatório da comissão, João Canuto havia sido advertido de que latifundiários e políticos locais conspiravam contra ele. "Essa advertência foi denunciada à polícia, que não ofereceu proteção", diz o documento.
A OEA condena a lentidão das investigações. Somente oito anos depois da morte do sindicalista, em 1993, a apuração foi concluída. De acordo com o documento da OEA, 20 latifundiários estariam envolvidos na conspiração do assassinato de Canuto.
O processo tem cinco acusados de serem os mandantes do crime, entre eles um ex-prefeito de Rio Maria. Três deles estão foragidos.
A entidade critica também a omissão do Estado nesse caso e nos assassinatos de dois filhos de João Canuto, além da tentativa de homicídio de um terceiro filho.



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