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PT SOB SUSPEITA
Ministério Público autoriza transcrição do material obtido através de escuta telefônica autorizada pela PF
Procuradores enviam fitas à Justiça Federal
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os nove procuradores da República que participam do Grupo de
Controle Externo da Atividade
Policial em São Paulo decidiram
ontem enviar à Justiça Federal as
fitas das interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal em
linhas de petistas de Santo André.
Segundo a Folha apurou, os
procuradores descartaram a idéia
de pedir a destruição das fitas e
devem requerer à Justiça Federal
que elas sejam transcritas.
Na sexta, os procuradores conseguiram na Justiça Federal mandado de busca e apreensão para
recolher as fitas e os registros do
procedimento investigativo da PF
que embasou a interceptação. A
apreensão foi feita no mesmo dia.
O Ministério Público Federal
autorizou a PF a fazer cópias das
fitas para o juiz-corregedor do
Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo, Maurício Lemos Porto Alves, que não conhecia seu conteúdo, apesar de ter autorizado as escutas telefônicas.
Ontem, os procuradores emitiram uma nota à imprensa na qual
informam que "o material
apreendido será encaminhado à
Justiça Federal" e que pediram
uma reunião com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, para discutir o controle externo da Polícia Federal.
A reportagem apurou que a hipótese de o Ministério Público Federal pedir à Justiça a destruição
das fitas, defendida por alguns
procuradores, foi descartada sob
o argumento de que elas poderão
servir de prova de que a PF tinha
objetivos políticos ao pedir a interceptação telefônica do prefeito
de Santo André, João Avamileno,
e de pessoas ligadas à administração petista na cidade.
Isso porque a interceptação foi
pedida sob a alegação de que os
telefones dessas pessoas seriam
utilizados por narcotraficantes.
Os procuradores querem saber
se existe, nas fitas apreendidas, alguma conversa vinculada ao tráfico de drogas e, para isso, devem
pedir a degravação dos diálogos.
Na nota divulgada ontem, os
procuradores dizem que trabalham em três frentes de apuração.
A primeira diz respeito à suposta investigação da PF sobre o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
A segunda versa sobre a existência de possível esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André. E a terceira, sobre as escutas
telefônicas feitas pela PF.
Sobre as escutas, os procuradores dizem: "Conclui-se que os elementos existentes indicavam a
possível ocorrência de desvio ou
abuso praticado pela PF".
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