São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

Ministério Público autoriza transcrição do material obtido através de escuta telefônica autorizada pela PF

Procuradores enviam fitas à Justiça Federal

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os nove procuradores da República que participam do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial em São Paulo decidiram ontem enviar à Justiça Federal as fitas das interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal em linhas de petistas de Santo André.
Segundo a Folha apurou, os procuradores descartaram a idéia de pedir a destruição das fitas e devem requerer à Justiça Federal que elas sejam transcritas.
Na sexta, os procuradores conseguiram na Justiça Federal mandado de busca e apreensão para recolher as fitas e os registros do procedimento investigativo da PF que embasou a interceptação. A apreensão foi feita no mesmo dia.
O Ministério Público Federal autorizou a PF a fazer cópias das fitas para o juiz-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo, Maurício Lemos Porto Alves, que não conhecia seu conteúdo, apesar de ter autorizado as escutas telefônicas.
Ontem, os procuradores emitiram uma nota à imprensa na qual informam que "o material apreendido será encaminhado à Justiça Federal" e que pediram uma reunião com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, para discutir o controle externo da Polícia Federal.
A reportagem apurou que a hipótese de o Ministério Público Federal pedir à Justiça a destruição das fitas, defendida por alguns procuradores, foi descartada sob o argumento de que elas poderão servir de prova de que a PF tinha objetivos políticos ao pedir a interceptação telefônica do prefeito de Santo André, João Avamileno, e de pessoas ligadas à administração petista na cidade.
Isso porque a interceptação foi pedida sob a alegação de que os telefones dessas pessoas seriam utilizados por narcotraficantes.
Os procuradores querem saber se existe, nas fitas apreendidas, alguma conversa vinculada ao tráfico de drogas e, para isso, devem pedir a degravação dos diálogos.
Na nota divulgada ontem, os procuradores dizem que trabalham em três frentes de apuração.
A primeira diz respeito à suposta investigação da PF sobre o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A segunda versa sobre a existência de possível esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André. E a terceira, sobre as escutas telefônicas feitas pela PF.
Sobre as escutas, os procuradores dizem: "Conclui-se que os elementos existentes indicavam a possível ocorrência de desvio ou abuso praticado pela PF".


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