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CRISE DO BONÉ
"MST tem que ser tratado como uma força que se coloca à margem da lei", diz líder do PSDB na Casa
Senadores criam CPI para investigar MST
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva posar para fotos com o boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a oposição conseguiu criar uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar "ações ilícitas, com sucessivas e violentas invasões de terras" praticadas pelo
movimento.
A instalação efetiva da CPI, porém, é uma questão política e vai
depender de acordos entre os líderes de vários partidos e até do
governo. Se houver consenso pela
instalação, a CPI deverá ser instalada somente em agosto já que ela
não fazia parte da pauta de trabalho do Senado para julho.
O senador Arthur Virgílio, líder
do PSDB, coletou a assinatura de
34 colegas e leu o requerimento
em plenário ontem. Segundo o regimento interno, são necessárias
pelo menos 27 assinaturas, o que
representa um terço dos 81 senadores. Depois de coletadas as assinaturas, o requerimento foi apresentado à Mesa que numerou e liberou para publicação, o que caracteriza a criação da CPI.
"O MST tem que ser tratado como uma força que se coloca à
margem da lei", disse Virgílio.
Segundo ele, "essas ações [do
MST] ameaçam desorganizar a
economia do país e comprometer
a agricultura, que é responsável
pelo equilíbrio da nossa balança
comercial e 40% dos empregos".
Questionado sobre se a decisão
de requerer a CPI fora desencadeada pelo gesto público do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
usar um boné do MST, o líder tucano disse que "isso ajudou".
Depois da leitura, o requerimento deve ser publicado no
"Diário Oficial" do Senado, o que
está previsto para a edição de hoje. A partir daí, os líderes partidários indicam os 11 membros e sete
suplentes da comissão.
Os integrantes, então, se reúnem e elegem presidente e vice-presidente da CPI. Só então a comissão pode ser considerada como instalada efetivamente.
Há casos no Senado de comissões que não saíram do papel por
decurso de prazo ou fim de legislatura, ou seja: foram lidas em plenário, mas não chegaram a funcionar na prática.
O líder do PT no Senado, Tião
Viana (AC), confirmou ontem
que deve indicar senadores do
partido do governo para a composição da CPI, eliminando uma
das formas de emperrar a comissão.
Câmara
O PFL tenta criar uma CPI também na Câmara para investigar o
MST. Até ontem, segundo a assessoria da liderança do partido, havia cerca de 140 assinaturas (são
necessárias 171 para apresentar o
requerimento).
Apesar disso, os governistas foram unânimes em afirmar que a
CPI tem pouca chance de vingar.
"Isso é demagogia barata, é o
exemplo de uma direita raivosa",
disse o deputado Nelson Pellegrino (BA), líder da bancada do PT.
A efetiva instalação de uma CPI
depende da superação de um fator político e de outro regimental.
O político é que o presidente da
Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), tem a prerrogativa de acolher
o requerimento baseado em sua
interpretação se há o chamado
"fato determinado" de investigação no pedido. O fator regimental
é que não há a possibilidade de
funcionamento na Câmara de
mais de cinco CPIs simultaneamente. Já há quatro instaladas e
uma quinta pronta para ter início.
A do MST teria que entrar na fila.
IURI DANTAS E RANIER BRAGON
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