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Milícias são foco de tensão, diz dom Tomás
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da CPT (Comissão
Pastoral da Terra), dom Tomás
Balduíno, classificou ontem de
"semente de convulsão social" as
milícias que estão sendo criadas
desde o início do ano por proprietários de terra para combater o
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Para dom Tomás, no entanto, as
invasões de terra são uma forma
de "chamar a atenção" para o
problema da reforma agrária.
"Devemos temer uma convulsão social mais da parte de quem
está apegado ao status quo. [As
invasões] não contribuem para
uma convulsão, mas para manter
acesa a chama da luta no campo",
disse dom Tomás à Folha, ao ser
questionado sobre se as invasões
não denigrem a imagem do MST.
E completou, ao falar das milícias: "Porque isso é uma semente
de convulsão. Os grandes não sujam as mãos, mas haverá mercenários na hora de executar ordens", afirmou, ao citar o fato de
fazendeiros estarem se armando.
Um dia depois de o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva se reunir
pela primeira vez com representantes do MST, dom Tomás disse
que o governo "tem a melhor intenção em relação à reforma agrária, mas tem havido atraso".
Para o presidente da CPT, o ato
de Lula de colocar por alguns instantes o boné do MST antes da
reunião -o que gerou críticas da
oposição e de produtores- pode
ser considerado normal. "Tudo
bem na cabeça de um presidente
operário. Fica melhor do que um
chapéu cinco estrelas."
Sobre a desocupação do engenho Prado, em Tracunhaém (PE),
dom Tomás disse que é "uma área
com decreto de desapropriação e
imissão na posse. O Judiciário deveria ter outro tipo de postura".
(LUCIANA CONSTANTINO)
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