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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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Milícias são foco de tensão, diz dom Tomás

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, classificou ontem de "semente de convulsão social" as milícias que estão sendo criadas desde o início do ano por proprietários de terra para combater o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Para dom Tomás, no entanto, as invasões de terra são uma forma de "chamar a atenção" para o problema da reforma agrária.
"Devemos temer uma convulsão social mais da parte de quem está apegado ao status quo. [As invasões] não contribuem para uma convulsão, mas para manter acesa a chama da luta no campo", disse dom Tomás à Folha, ao ser questionado sobre se as invasões não denigrem a imagem do MST.
E completou, ao falar das milícias: "Porque isso é uma semente de convulsão. Os grandes não sujam as mãos, mas haverá mercenários na hora de executar ordens", afirmou, ao citar o fato de fazendeiros estarem se armando.
Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir pela primeira vez com representantes do MST, dom Tomás disse que o governo "tem a melhor intenção em relação à reforma agrária, mas tem havido atraso".
Para o presidente da CPT, o ato de Lula de colocar por alguns instantes o boné do MST antes da reunião -o que gerou críticas da oposição e de produtores- pode ser considerado normal. "Tudo bem na cabeça de um presidente operário. Fica melhor do que um chapéu cinco estrelas."
Sobre a desocupação do engenho Prado, em Tracunhaém (PE), dom Tomás disse que é "uma área com decreto de desapropriação e imissão na posse. O Judiciário deveria ter outro tipo de postura".
(LUCIANA CONSTANTINO)


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