São Paulo, Domingo, 04 de Julho de 1999
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Painel

Recado autorizado

FHC está disposto a fazer uma reforma ministerial maior do que mexer apenas em dois ou três nomes, como quer ACM. Daí Pimenta da Veiga ter saído falando, embora com algum exagero, em ""guinada" do governo.

Ou vai ou racha

A extensão da reforma ministerial será decisiva para a recuperação da autoridade de FHC. Os testes serão tirar o PMDB da Justiça, contrariando Jader, e pôr um nome forte no Desenvolvimento, apesar de ACM.


Armados até os dentes

Concebida para marcar uma "guinada" do governo, a reforma ministerial ameaça se transformar em uma nova crise para FHC. ACM e Jader Barbalho estão prevenidos. Identificam em cada movimento uma manobra para ferir seus interesses.

Cotoveladas liberais

Na visão de ACM, a proposta de enxugamento do ministério feita por Bornhausen (SC) não foi a favor, mas contra o PFL. A fusão de pastas tiraria de cara dois ministros ligados ao baiano: Tourinho (Minas e Energia) e Pedro Parente (Orçamento).

Conta de chantagem

FHC pode até não precisar mais de três quintos da Câmara (308 deputados) para aprovar emendas, como defende Pimenta para fazer um expurgo na base. Mas precisa de mais de dois terços (342) para impedir CPIs.

Cidadela ameaçada

O PMDB teme a extinção da Secretaria de Políticas Regionais e espera ser compensado. Mas o que mais inquieta o partido são os boatos de substituição de Renan Calheiros (Justiça) por um jurista. A reação será pior se a troca for por um tucano.

Linha defensiva

Tido como bola na caçapa, Francisco Turra (Agricultura) ganhou a solidariedade do PPB para ficar. O governador Esperidião Amin (SC) fez a defesa explícita da permanência dos ministros do partido (o outro é Dornelles, do Trabalho) junto a FHC, sexta passada.

Pule de dez

FHC está sendo pressionado a vetar o artigo da lei do regime automotivo que beneficiaria a fábrica que a Ford planeja instalar na Bahia. Quem conhece o presidente aposta que ele não vetará nem vai tirar ministro de ACM na reforma ministerial.

Não quer se comprometer

O presidente voltou a tentar, na semana passada, via intermediários, trazer o governador Tasso Jereissati para mais perto de si, atuante na política nacional. Sem sucesso. O cearense continua distante e cada vez batendo mais no governo federal.

Ocupando espaço

Os governadores vão aproveitar a calmaria do recesso em Brasília para voltar à carga contra o governo federal. Dia 9, os do Nordeste se reúnem. No dia 15, haverá encontro de todos. Na mira: FEF e restrições ao uso do Fundef em creches e pré-escola.

Ninguém se entende

Pimenta (Comunicações) andou se queixando com amigos de que é impossível fazer a coordenação política do governo. Os problemas começam dentro de casa: Paulo Renato (Educação) e Serra (Saúde) se consideram autônomos, e Clóvis Carvalho (Casa Civil) não obedece ninguém.

Vida curta

Inaugurado por FHC na campanha da reeleição, o trecho duplicado da Fernão Dias entre as cidades mineiras de Lavras e Belo Horizonte já apresenta problemas de ondulação excessiva do asfalto e de conservação.

Atraso recorde

O empréstimo de US$ 2,2 bi aprovado pelo BID para o Brasil em março ainda não foi votado pelo Senado. Uma das razões do atraso: Pedro Parente (Orçamento) ainda não foi à Casa explicar porque o governo usará a verba, destinada originalmente à área social, para pagar dívidas.

Barril de pólvora

Governador de Roraima, Neudo Campos pediu ajuda ao general Alberto Cardoso (Casa Militar). Teme que a tensão no campo no Estado saia de controle.

E-mail: painel@uol.com.br

TIROTEIO

Do deputado federal Valdir Pires (PT-BA), sobre a polícia baiana ter tentado impedir oposicionista de participar dos desfiles de dois de julho, dia da independência do Estado, em Salvador
- O governo da Bahia impôs à sua força pública uma tarefa de natureza mercenária.

CONTRAPONTO
Alguma coisa em comum

Desde o momento em que foi indicado para dirigir a Polícia Federal, o delegado João Batista Campelo se transformou num alvo fixo. Poucos apostavam que ele tomaria posse.
Entre estes, o governador de Roraima, Neudo Campos (PPB), que lhe empregara como secretário de Segurança Pública do antigo território.
No dia marcado, Neudo tomou um jatinho em Boa Vista para ir até Brasília.
Foi uma das piores viagens feitas pelo governador. Logo após a decolagem, o jatinho começou a atravessar zonas de turbulência que balançavam o aparelho.
Ao chegar a Brasília, Neudo se encontrou com Campelo:
- Como vão as coisas?
Sob fogo cerrado, Campelo foi sincero:
- Num sobe e desce danado!
E Neudo, com a viagem ainda fresca na memória:
- Isso não é nada. Sobe e desce danado foi a viagem que eu fiz para assistir à sua posse!



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