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ESTRATÉGIA
Intenção foi criar um fato positivo a fim de tentar anular o efeito de um negativo, para reverter desgaste da crise EJ
Governo faz "operação abafa" com a polícia
KENNEDY ALENCAR
E ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal fez ontem
uma megaoperação policial para
tentar abafar a repercussão na mídia do depoimento de Eduardo
Jorge, ex-secretário-geral da Presidência, a uma subcomissão da
Comissão de Constituição, Justiça
e Cidadania do Senado.
Segundo a Folha apurou, a intenção do governo foi criar um fato positivo a fim de tentar anular o
efeito de um negativo. Para reverter o desgaste da crise EJ, considerada a mais grave da gestão Fernando Henrique Cardoso pelo
próprio presidente e auxiliares, o
governo avalia que precisa mostrar que não está paralisado.
Daí buscar criar um fato de impacto na mídia. A operação federal aconteceu em todo o país com
participação da Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal e Receita Federal. O Ministério da Justiça divulgou que haveria a adesão
de nove Estados, a fim de engrossar o efeito de mídia da operação,
mas não houve apoio total. Objetivo oficial da operação conjunta:
apreender drogas, armas ilegais e
combater outros crimes.
O ministro da Justiça, José Gregori, pediu que as secretarias da
Segurança Pública dos Estados
transmitissem a Brasília até as 17h
um balanço da megaoperação.
Objetivo oficioso: dar um assunto
a TVs, rádios e jornais que pudesse rivalizar com o caso EJ.
O delegado André Dahmer, assessor especial de Gregori e encarregado de dar informações da
megaoperação, negou que o evento tenha sido feito para abafar o
depoimento de EJ: "Não houve
decisão política, mas técnica". Ele
disse que a data estava marcada
havia "mais de duas semanas".
No entanto, Gregori e FHC trabalharam para que a megaoperação e o depoimento ocorressem
na mesma data. Nos últimos dois
dias, o ministro da Justiça se reuniu com o presidente para acertar
os detalhes da articulação que começou na semana passada.
Ao presidente, coube orientar
seus articuladores políticos no
Congresso a garantir que o depoimento de Eduardo Jorge fosse
marcado para ontem -há duas
semanas já se sabia que o ex-secretário falaria no Senado na primeira semana de agosto.
Ao ministro Justiça, coube articular, de uma semana para cá, a
participação do maior número de
Estados, a fim de que a operação
fosse a maior desde o lançamento
do Plano Nacional de Segurança
Pública em 20 de junho.
Na semana passada, em Brasília, Gregori pediu ao secretário da
Segurança Pública de São Paulo,
Marco Vinicio Petrelluzzi, que se
juntasse à operação federal, declarou o assessor André Dahmer.
O secretário-adjunto de Petrelluzzi, Mário Papaterra Limongi,
confirmou que São Paulo prometeu na semana passada aderir à
operação federal. Entretanto não
disse se a sugestão foi de Gregori.
"Foi uma sugestão mútua, pois
também estávamos para realizar
uma operação nossa", afirmou
Papaterra. Segundo ele, apesar de
nas duas quintas-feiras anteriores
a ontem também ter acontecido a
"operação pega-ladrão", não existe um dia determinado da semana
para que ela se repita na capital
paulista. As outras ações desse tipo duas aconteceram à noite. A de
ontem, à tarde.
No final da manhã de ontem, o
Ministério da Justiça divulgou
que a "megablitz contaria com
mais de 3.000 homens da Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal e milhares de policiais de nove
Estados". A parte federal da operação aconteceu nas estradas federais e estaduais.
O informe do Ministério da Justiça citava também os nove Estados: São Paulo, Espírito Santo,
Acre, Tocantins, Pará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e
Santa Catarina.
As Polícias Militares fariam
ações nas cidades grandes e médias. No entanto, até as 18h de ontem, eram desencontradas as informações estaduais.
O Estado de Santa Catarina, que
aparecia no informe do Ministério da Justiça, divulgou que não
sabia da operação. No Mato Grosso do Sul, somente a Polícia Federal entrou em ação.
A Polícia Rodoviária Federal de
São Paulo no vale do Paraíba teria
sido informada da megaoperação
apenas ontem.
Colaboraram a Agência Folha e a Folha
Vale
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