UOL

São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMA SOB PRESSÃO

Organização do movimento, que conta agora com o apoio da CUT, espera reunir 30 mil pessoas 4ª-feira

Servidores fazem ato contra Previdência

Alan Marques - 18.jul.2003/Folha Imagem
O presidente da CUT, Luiz Marinho, sai do Palácio do Planalto depois de audiência com Lula


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais um protesto contra a reforma da Previdência, sindicatos de servidores públicos pretendem reunir nesta quarta-feira, na Esplanada dos Ministérios, mais de 30 mil pessoas de vários Estados, além do Distrito Federal. A marcha nacional contará com o apoio político -e, provavelmente, financeiro- da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O movimento pode ser esvaziado pela estratégia do Palácio do Planalto de tentar antecipar para amanhã a votação da Previdência. "Estaremos presentes à marcha, e a orientação nos Estados é para garantir apoio ao movimento. Quanto à questão logística e financeira, ainda estamos construindo a viabilidade disso com as entidades", afirmou ontem o presidente da CUT, Luiz Marinho.
Alinhada com as posições do Planalto, a CUT inicialmente se opôs à greve do funcionalismo. Desde julho, no entanto, a entidade vem declarando solidariedade ao movimento. As reivindicações da central na reforma da Previdência -como a elevação do teto do INSS para R$ 4.800- não foram atendidas pelo governo.
A Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Federais), que comanda a marcha contra a reforma, reúne 11 entidades sindicais do funcionalismo e cerca de 800 mil servidores.
"Queremos reunir mais gente que na marcha passada. Com o acirramento dos conflitos com o governo, pode ser que cheguemos a 50 mil", declarou um dos coordenadores da manifestação, José Domingues.
Na sexta-feira passada, servidores públicos invadiram a sede do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), em Brasília. O governo acionou um grupo especializado da Polícia Federal para atuar na invasão, e bombas de efeito moral foram detonadas. A senadora Heloísa Helena (PT-PB) foi retirada à força do local.

"Criminalização"
O sindicalista Sandro Alex de Oliveira, também organizador da marcha, estava participando da invasão e afirma que o governo está "criminalizando" os atos dos movimentos sociais.
"Vemos isso com muita preocupação [a atitude do governo]", declarou, lembrando que a tropa de choque da Polícia Militar foi chamada para conter servidores durante a votação da Previdência na comissão especial na Câmara.
Oliveira informou que os integrantes da marcha devem começar a chegar a Brasília amanhã. A marcha deve acontecer às 9h de quarta-feira, com concentração dos manifestantes. Ao meio dia, haverá um protesto em frente ao Ministério da Previdência. Às 15h, os manifestantes se posicionarão em frente ao Congresso.
Em junho, os servidores públicos realizaram a primeira marcha contra a reforma da Previdência na Esplanada dos Ministérios, reunindo de 25 mil a 30 mil pessoas, segundo a PM.
À época, os organizadores contabilizaram de 30 mil a 40 mil manifestantes. Aquela foi a primeira manifestação de grande porte do funcionalismo no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

IBGE
A AssIBGE (sindicato nacional dos servidores do IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirma que nesta semana poderá decidir pela paralisação da coleta de dados para cálculos do IPCA e INPC (índices de inflação).
"Não queremos partir para o extremo, mas se o governo não revir sua posição, podemos decidir pela suspensão dos trabalhos", disse Paulo Dill, integrante da executiva nacional da AssIBGE.



Texto Anterior: Tributária separa Dirceu e Palocci
Próximo Texto: Frase
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.