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PROPAGANDA OFICIAL
Empresa de porte médio de Campinas não tem experiência em campanhas políticas e de órgãos públicos
Vitória da Matisse surpreende mercado publicitário
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado publicitário recebeu
com surpresa o fato de a agência
de propaganda Matisse, uma empresa de porte médio de Campinas (SP), ter sido classificada na licitação para escolha das agências
que cuidarão da propaganda institucional do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas não se prevêem contestações
à concorrência realizada pela Secom (Secretaria de Comunicação
do Governo e Gestão Estratégica).
As três agências escolhidas para
dividir a verba de R$ 150 milhões
neste ano foram a Duda Mendonça (que obteve 92,33 pontos na
proposta técnica), a Lew, Lara
(90,67) e a Matisse (88,67).
Sem experiência em campanhas
políticas ou atendimento a governos, a Matisse desbancou pesos-pesados, como a Publicis Salles
Norton, DM9DDB, Giovanni,
FCB e DPZ. "Por que a Matisse
não poderia ganhar? Temos grandes contas. Não somos uma grande agência, do tamanho da Lew,
Lara, mas raciocínio e experiência
mercadológica não são privilégio
das grandes agências", alega Dalva Maria Fazzio de Andrade, 34,
diretora-presidente da Matisse.
Publicitários ouvidos pela Folha, sob a condição de não terem
seus nomes revelados, entendem
que a escolha das propostas técnicas -quando há boa dose de subjetividade nas avaliações das peças de criação- respeitou as formalidades, sem abrir brechas para contestações legais. Mas apostam que houve forte influência
política na escolha.
O silêncio deve-se ao pragmatismo: questionar a seleção agora
pode dificultar a disputa de contas de estatais, como a Petrobrás,
o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os Correios.
A ascensão da Matisse é atribuída à recente parceria com o publicitário Paulo de Tarso Santos, que
fez as campanhas de Lula em 1989
e 1994. Santos tem longa experiência em marketing político e já
fez campanhas eleitorais tanto para petistas quanto para tucanos.
A Master Publicidade, do Paraná, colocada em quarto lugar, foi
superada pela Matisse por apenas
0,67 pontos. A Master tem experiência em campanhas de governo (Ministério da Saúde, Caixa
Seguros, governo do Paraná, Prefeitura de Curitiba, entre outros).
Por meio de sua assessoria, o
presidente da Master, Antônio
Freitas, disse que não iria se pronunciar, por se tratar de "matéria
já julgada". Luciana Marehb, da
Master São Paulo, considerou a licitação "totalmente transparente" e disse que não irá recorrer.
A Matisse foi fundada em 1991,
tendo como sócios a SCL Participações (70%) -do empresário
Sérgio Cerqueira Leite-, Jorge
Tadeu Brettas de Godoy (15%) e
Dalva Maria Fazzio de Andrade
(15%). Em maio último, houve alteração social, com a retirada de
Godoy da sociedade.
Procurado pela Folha, o publicitário Paulo de Tarso Santos não
se manifestou. A assessoria da
Matisse disse que ele está viajando. A Folha não localizou o publicitário Cláudio Baeta, citado na
entrevista com Luiz Lara, diretor
da Lew, Lara (ver texto abaixo).
Formalmente, a Matisse estava
capacitada a disputar a conta da
Secom, por estar registrada no
Cenp (Conselho Executivo das
Normas Padrão), órgão auto-regulador do mercado publicitário.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Agência Folha, em Curitiba
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