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Presidente vê denuncismo, diz Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva classificou ontem de "infundadas" as denúncias publicadas na imprensa nas últimas semanas contra os presidentes do
Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio
Casseb, segundo relatou o ministro José Dirceu (Casa Civil).
Após reunião com Meirelles e
Casseb, na tarde de ontem, Lula
afirmou não haver motivos para a
demissão dos dois integrantes do
governo. Disse também que as
denúncias contra ambos ocorreram em razão do período eleitoral
e do "inconformismo" por parte
da oposição com a atual situação
econômica do país.
O relato à imprensa foi feito por
Dirceu, a pedido de Lula, depois
do encontro com os presidentes
do BC e do BB no Planalto.
"[O presidente] lamenta que
acusações infundadas que beiram
o denuncismo, muitas vezes estimuladas por aqueles que não se
conformam com o sucesso do
país, com o crescimento econômico, evidente em todas as cifras
de emprego, das exportações, do
crescimento da indústria e do
crescimento do PIB, coloquem
em risco a confiança e a credibilidade que o país alcançou."
De acordo com o ministro, não
há motivo para as demissões de
Meirelles e Casseb, "a não ser uma
razão político-partidária, a não
ser uma razão de inconformismo
com a situação do país e com a situação do governo".
Segundo Dirceu, "não se pode
colocar o BC, que é a autoridade
monetária do país, que dele depende a credibilidade e a estabilidade do país, na situação que está
sendo colocada". E completou:
"O governo, evidentemente, não
pode aceitar essa situação".
Dirceu afirmou que foi Lula
quem chamou os presidentes do
BB e do Banco Central e que, em
momento algum, os dois colocaram seus cargos à disposição.
Apesar de dizer que as denúncias são "infundadas", Dirceu disse que Lula defende a investigação
do fato. Segundo ele, o problema
não é denunciar, mas transformar
o acusado em "criminoso".
A Folha apurou que, durante a
reunião de ontem, Lula acusou a
oposição de criar uma "nova
agenda negativa" por perceber
que poderá perder as eleições em
cidades onde achava que venceria
facilmente, como São Paulo.
"Quando não havia crescimento econômico, os problemas eram
o superávit primário e os juros.
Agora que tem crescimento, os
problemas são outros, é o PPP
[Parceria Público-Privada] que
não presta, é o Casseb, é o Meirelles", teria afirmado Lula. No primeiro semestre, o governo enfrentou uma série de fatos negativos, como o caso Waldomiro Diniz e o "abril vermelho" do MST.
Na visão do presidente, há um
embate político com a oposição,
que pede a demissão de Meirelles
e Casseb, mas não um problema
ético. A afirmação de Lula de que
a oposição diz que o PPP "não
presta" foi uma alusão a um recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando o projeto do governo que
pretende atrair investimentos para obras na área de infra-estrutura. As críticas de FHC incomodam muito Lula.
(KENNEDY ALENCAR, EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)
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