São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

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Presidente vê denuncismo, diz Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem de "infundadas" as denúncias publicadas na imprensa nas últimas semanas contra os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, segundo relatou o ministro José Dirceu (Casa Civil).
Após reunião com Meirelles e Casseb, na tarde de ontem, Lula afirmou não haver motivos para a demissão dos dois integrantes do governo. Disse também que as denúncias contra ambos ocorreram em razão do período eleitoral e do "inconformismo" por parte da oposição com a atual situação econômica do país.
O relato à imprensa foi feito por Dirceu, a pedido de Lula, depois do encontro com os presidentes do BC e do BB no Planalto.
"[O presidente] lamenta que acusações infundadas que beiram o denuncismo, muitas vezes estimuladas por aqueles que não se conformam com o sucesso do país, com o crescimento econômico, evidente em todas as cifras de emprego, das exportações, do crescimento da indústria e do crescimento do PIB, coloquem em risco a confiança e a credibilidade que o país alcançou."
De acordo com o ministro, não há motivo para as demissões de Meirelles e Casseb, "a não ser uma razão político-partidária, a não ser uma razão de inconformismo com a situação do país e com a situação do governo".
Segundo Dirceu, "não se pode colocar o BC, que é a autoridade monetária do país, que dele depende a credibilidade e a estabilidade do país, na situação que está sendo colocada". E completou: "O governo, evidentemente, não pode aceitar essa situação".
Dirceu afirmou que foi Lula quem chamou os presidentes do BB e do Banco Central e que, em momento algum, os dois colocaram seus cargos à disposição.
Apesar de dizer que as denúncias são "infundadas", Dirceu disse que Lula defende a investigação do fato. Segundo ele, o problema não é denunciar, mas transformar o acusado em "criminoso".
A Folha apurou que, durante a reunião de ontem, Lula acusou a oposição de criar uma "nova agenda negativa" por perceber que poderá perder as eleições em cidades onde achava que venceria facilmente, como São Paulo.
"Quando não havia crescimento econômico, os problemas eram o superávit primário e os juros. Agora que tem crescimento, os problemas são outros, é o PPP [Parceria Público-Privada] que não presta, é o Casseb, é o Meirelles", teria afirmado Lula. No primeiro semestre, o governo enfrentou uma série de fatos negativos, como o caso Waldomiro Diniz e o "abril vermelho" do MST.
Na visão do presidente, há um embate político com a oposição, que pede a demissão de Meirelles e Casseb, mas não um problema ético. A afirmação de Lula de que a oposição diz que o PPP "não presta" foi uma alusão a um recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticando o projeto do governo que pretende atrair investimentos para obras na área de infra-estrutura. As críticas de FHC incomodam muito Lula.
(KENNEDY ALENCAR, EDUARDO SCOLESE E JULIA DUAILIBI)


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