São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2007

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Parte dos grevistas do Incra volta ao trabalho por 15 dias

Após período, servidores vão avaliar se governo avançou em pauta de reivindicações

Paralisados desde maio, funcionários de 18 das 30 superintendências fazem acordo com a União, que havia cortado seus salários

Leonardo Wen - 15.jun.2007/Folha Imagem
Em junho, servidores grevistas em frente ao Incra em Brasília


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em greve desde 21 de maio e com seus salários cortados por dois meses seguidos, servidores de 18 superintendências e da sede do Incra decidiram interromper por 15 dias a paralisação, como parte de um acordo com o governo federal.
Ao final do prazo, os servidores farão novas assembléias para avaliar se, no período, o governo avançou na pauta de reivindicação. Eles pedem reajuste salarial, plano de carreira e o reaparelhamento da autarquia.
Funcionários de outras dez superintendências, porém, não aceitaram a proposta e decidiram manter a greve -a quarta do Incra no governo Lula. Nas outras duas superintendências, a greve já havia terminado.
"A nossa expectativa é que os compromissos assumidos pelo governo sejam honrados, sob pena de todos os servidores retomarem a greve em 15 dias", disse José Vaz Parente, da direção da Cnasi (associação nacional de servidores do Incra).
Na semana passada, sob ordem do Planalto, o comando do Incra e o Ministério do Planejamento fecharam a folha de pagamento com o corte de salário de 2.361 servidores. O corte do ponto no Incra, assim como no Ibama, faz parte de uma estratégia do governo para desestimular outras paralisações.
A greve do Incra, além de prejudicar a distribuição de cestas de alimentos aos sem-terra, atrasa o ritmo da reforma agrária, o que, na prática, aumenta a pressão de entidades contra o governo. O Incra é responsável pela vistoria e desapropriação das áreas, divisão dos lotes e seleção das famílias.
Segundo a autarquia, a "ausência dos servidores nos postos de trabalho impediu a operacionalização dos recursos destinados aos projetos de assentamento" -R$ 327 milhões deixaram de ser aplicados.
A meta do governo é assentar 100 mil famílias neste ano. Informalmente, porém, tanto o Incra como o Desenvolvimento Agrário admitem que a tarefa é quase impossível. No primeiro semestre, o governo teve seu pior desempenho em desapropriações de terra sob Lula. Entre janeiro e junho, o Incra desapropriou 43 imóveis, que equivalem a 105,8 mil hectares. Para ter bom desempenho no segundo semestre, o Incra depende de desapropriações acumuladas no primeiro -neste ano, está 18% abaixo do volume do mesmo período de 2006.


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