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Correios afastam diretor investigado em operação da PF
Escritório e casas de Carlos Roberto Samartini Dias, no Rio e em Brasília, foram alvo de mandados de busca e apreensão
Polícia e Ministério Público apuram suposto esquema de corrupção na estatal; diretor investigado se recusa a falar sobre o caso
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Operações dos
Correios, Carlos Roberto Samartini Dias, foi afastado do
cargo por determinação da direção da estatal. Ele está entre
as pessoas investigadas pelo
Ministério Público e da Polícia
Federal no inquérito que levou
à deflagração, anteontem, da
Operação Selo, na qual foram
presos dois servidores dos Correios e três empresários.
O gabinete de Dias na estatal
e suas residências no Rio e em
Brasília estão entre os 25 alvos
de mandados de busca e
apreensão cumpridos pela PF.
Segundo os investigadores,
Dias é ligado ao empresário
Marco Antônio Bulhões, preso
na Operação Selo. Por meio da
assessoria de imprensa dos
Correios, Dias informou que
não irá comentar o assunto.
O presidente dos Correios,
Carlos Henrique Custódio, disse estar "perplexo" e que ficou
"muito chateado com as afirmações de que sai uma quadrilha, entra outra" na estatal.
Custódio informou que pediu à
Justiça acesso ao inquérito relacionado à Operação Selo para
poder tomar providências. "Todas as pessoas que estiverem
envolvidas terão a apuração
mais rigorosa e justa possível."
A empresa passa por um pente-fino dos Ministério Público
e da PF desde maio de 2005,
quando a revista "Veja" tornou
público o conteúdo de uma fita
de vídeo em que o ex-chefe de
Contratação e Administração
de Material dos Correios Maurício Marinho foi flagrado ao
receber um pagamento de propina de R$ 3 mil.
A gravação foi feita por dois
emissários do empresário Arthur Wascheck Neto, que teve
interesses contrariados por
Marinho e resolveu se vingar.
Wascheck foi preso na Operação Selo. Segundo os investigadores, ele é o cabeça de um esquema montado para fraudar
licitações nos Correios.
Apesar do escândalo em
2005, Wascheck não parou de
atuar. Teria manipulado o resultado de licitações, em prejuízo de "milhões de reais" para
os cofres públicos, segundo o
procurador da República Bruno Acioli. "Wascheck é símbolo
e o subproduto da impunidade
no Brasil. Ele lesa, frauda,
chantageia, corrompe, e nada
acontece", disse Acioli.
Em defesa de Wascheck, o
advogado Cleber Lopes disse
que seu cliente sempre atuou
dentro dos limites da lei e negou a prática de fraudes.
O empresário atua nos Correios desde 1994. Em 1995, foi
condenado por crimes semelhantes aos quais teria praticado recentemente, conforme o
procurador. Segundo dados levantados na investigação, há
pelo menos duas dezenas de
empresas envolvidas nas fraudes e mais servidores, além dos
dois presos, envolvidos na prática de irregularidades.
No escândalo de 2005, os
Correios demitiram três servidores, entre os quais Marinho,
e afastaram outros 20 de cargos
de chefia. Ontem, o presidente
da empresa não soube informar o desdobramento dos processos disciplinares que começaram à época.
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