São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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"Eu tenho o total apoio do presidente", diz Carvalho

Chefe-de-gabinete afirma não pensar em se afastar após denúncia de vazamento de dados

Ministério Público Federal avalia pedido de deputado para que o assessor seja investigado por crime de improbidade administrativa


DA REPORTAGEM LOCAL

O chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, não pensa em se afastar do cargo por causa da denúncia de que teria repassado informação privilegiada ao advogado petista Luiz Eduardo Greenhalgh. "Eu tenho total apoio do presidente. Ele me disse: "Gilberto, eu faria exatamente o que você fez'", disse ao deixar a catedral da Sé, em São Paulo.
Carvalho representou o presidente Lula ontem na missa pelo jubileu de ouro sacerdotal do cardeal dom Cláudio Hummes. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal analisam pedidos de investigação encaminhados pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que acusa o assessor de prevaricação, por ter repassado ao colega petista informações da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). "Estou absolutamente tranqüilo. Não houve abuso nenhum. O que fiz foi preservar a Presidência de uma eventual fraude", afirmou.
Com base na lei de improbidade administrativa, o deputado tucano pediu o imediato afastamento de Carvalho do cargo. A procuradora da República em Brasília Ana Carolina Roman abriu investigação preliminar e pediu ao juiz paulista Fausto de Sanctis, responsável pelo caso, os áudios dos diálogos de Carvalho e Greenhalgh.
No dia 28 de maio, Greenhalgh ligou para Carvalho perguntando se havia alguma investigação da Abin sobre Humberto Braz, cliente do ex-deputado petista e lobista do banqueiro Daniel Dantas. O assessor respondeu que não havia "nenhuma pessoa designada na presidência", mas prometeu verificar, segundo o grampo.
Suspeito de ter feito tráfico de influência para Dantas, Greenhalgh teve seu telefone grampeado no curso da Operação Satiagraha. Braz é acusado de tentar subornar delegados da PF para tentar livrar o ex-banqueiro do Opportunity das investigações por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Informações
O chefe-de-gabinete divulgou há duas semanas nota explicando o contexto da conversa com Greenhalgh. De acordo com Carvalho, o ex-deputado petista pediu informações sobre um tenente da Polícia Militar que teria perseguido Humberto Braz no Rio de Janeiro. O Gabinete de Segurança Institucional informou a Carvalho que o tenente era um agente credenciado, mas não estava espionando Braz. O assessor então repassou a informação a Greenhalgh. "Ajudei a PF, não os investigados", garantiu.
Carvalho reiterou à reportagem que não entrou em contato com o Ministério da Justiça ou com a direção da Polícia Federal. Mas admitiu que conversa freqüentemente com o ex-deputado Greenhalgh. "Luiz Eduardo é companheiro nosso, de militância de muitos anos. Portanto, nós conversamos muitas vezes, mas sobre outros temas", disse.
Para Sampaio, houve violação de conduta. "Isso é ilícito pelo Código Penal, por isso não pode permanecer no cargo", afirmou.
(CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA)


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