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"Firmíssimo", Sarney aciona sua tropa de choque no plenário
Simon volta a defender renúncia e bate boca com Renan e Collor, que ameaçam revelar passado que poderia "incomodar" o gaúcho
Disposição para o embate cresceu após Dirceu enviar recado a Sarney garantindo apoio do PT; senador se disse com "espírito muito bom"
Geraldo Magela/Agência Senado
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Fernando Collor (PTB-AL), em aparte ao discurso de Simon
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrariando as expectativas
da oposição, o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), voltou ontem do recesso
dizendo estar "firmíssimo" no
cargo e acionou seus aliados para uma tática de guerra, desencadeada logo no primeiro dia de
trabalho da Casa.
A estratégia da tropa de choque de Sarney, liderada por Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Fernando Collor (PTB-AL), foi
não deixar ataque sem resposta. Com ameaças e bate-boca,
lembraram o passado de congressistas, rebateram ponto a
ponto as acusações e mandaram oposicionistas engolirem
as acusações.
Os ataques mais incisivos foram contra o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que subiu à
tribuna para defender a renúncia de Sarney. Foi obrigado a
baixar o tom de sua fala em alguns momentos, depois que
Collor ameaçou revelar fatos
que poderiam causar "incômodos" ao senador gaúcho.
Apesar de ter aberto a sessão
de ontem, Sarney não acompanhou os momentos de tensão.
Nos 80 minutos que ficou no
plenário, nenhum senador discursou contra ele. Questionado, Sarney disse que seu "espírito estava muito bom" e que
"nunca deixou de ficar confiante". Sobre renúncia, foi enfático: "Não existe".
Nos últimos dias, Sarney cobrou uma ação mais coordenada do seu partido para defendê-lo. O grupo liderado por Renan
montou uma estratégia para
atacar vários senadores: Arthur
Virgílio (PSDB-AM), José Agripino Maia (DEM-RN), Simon e
Tião Viana (PT-AC).
O acerto foi feito numa reunião anteontem entre Sarney,
Renan e o senador Gim Argello
(PTB-DF) na residência do presidente do Senado em Brasília.
A disposição para o embate
cresceu depois que Sarney recebeu recados do ex-ministro
José Dirceu de que o PT manteria seu apoio a ele e iria trabalhar para que os senadores do
partido não pedissem sua saída.
Sarney revelou que algumas
pessoas confundiram "desabafos" feitos nos últimos dias com
uma disposição de renunciar.
Collor versus Simon
Ao pedir a renúncia de Sarney, Simon comparou a situação do atual presidente do Senado à de Getúlio Vargas, que
se suicidou em 1954 após passar por uma crise.
O primeiro a atacar Simon foi
Renan: "Só lamento que o esporte preferido de Vossa Excelência, nos últimos 35 anos, tenha sido falar mal de Sarney".
Segundo ele, Simon tem mágoa
de Sarney por não ter sido escolhido candidato a vice de Tancredo Neves. "Vossa Excelência
está inventando", disse Simon.
Durante o bate-boca, Simon
citou Collor, lembrando que
Renan primeiro apoiou o ex-presidente mas, depois, o abandonou. Acabou despertando a
ira do senador.
Ex-presidente e um dos
maiores críticos de Sarney no
fim da década de 80, ele saiu
correndo do gabinete para criticar Simon. "São palavras que
não aceito. Eu quero que o senhor as engula e as digira como
achar conveniente. Em nenhum momento me arrependo
das minhas relações. Estou do
lado do presidente José Sarney", disse, em tom agressivo.
Eduardo Suplicy (PT-SP),
Cristovam Buarque (PDT-DF)
e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) defenderam Simon.
Dos principais adversários
de Sarney, apareceu Virgílio,
que não repetiu as críticas. Entre os democratas, nenhum dos
críticos do peemedebista esteve no plenário. Também não
apareceram os líderes do PT,
Aloizio Mercadante (SP), e do
governo, Ideli Salvatti (PT-SC).
Aliado de Sarney, Epitácio
Cafeteira (PTB-MA) resumiu o
clima: "A sorte está lançada. Os
grupos estão formados. Quem é
contra é contra. Quem é a favor
é a favor."
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