São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000 |
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NARCOTRÁFICO Plano visa reforçar policiamento da fronteira com a Colômbia PF mostra Operação Cobra a governo norte-americano
ELVIRA LOBATO ENVIADA ESPECIAL A TABATINGA A Polícia Federal apresentou ontem ao governo norte-americano a Operação Cobra, de reforço do policiamento da fronteira com a Colômbia, que foi inaugurada na semana passada pelo ministro da Justiça, José Gregori. O ministro-conselheiro da Embaixada dos EUA, Cristobal Orosco, esteve em Tabatinga, no Alto Solimões (região do Amazonas onde o Brasil faz fronteira com a Colômbia e o Peru), para visitar o centro de comando da operação. Durante a visita, ele afirmou que a Operação Cobra poderá receber ajuda financeira dos EUA, que estudam ampliar para até US$ 10 milhões a verba anual do acordo de cooperação institucional com o Brasil para o combate às drogas. O repasse atual, segundo ele, é de US$ 1,2 milhão. Com o ministro-conselheiro estavam o chefe do escritório do NAS (Narcotics Affair Section, do Departamento de Estado dos EUA), Tom Loyd, e o chefe do escritório da DEA (Drugs Enforcement Administration, do Departamento de Justiça), Patrick Healy, além de funcionários da embaixada e dos consulados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Orosco disse que a visita foi feita a convite do diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho. Segundo ele, os EUA têm acordos há 25 anos com a Polícia Federal para troca de informações, treinamento de agentes e repasse de equipamentos. A Operação Cobra é uma estratégia do governo para enfrentar os possíveis efeitos do Plano Colômbia de combate ao narcotráfico e à guerrilha, que deve ser lançado no início de 2001 e terá ajuda financeira e material e assessoramento dos EUA. O governo trabalha com a possibilidade de imigração em massa de camponeses colombianos, que viriam para o Brasil fugindo dos conflitos nas regiões de plantio de coca. Admite também a hipótese de mudança temporária de lideranças do narcotráfico, de guerrilheiros e de laboratórios de refino de coca para as áreas brasileiras de selva próximas da fronteira. Além de tentar conter a entrada de clandestinos, a Operação Cobra tem também como objetivo checar a qualidade das águas dos rios. O Ministério da Defesa teme a contaminação da Bacia Amazônica por fungos que venham a ser utilizados pela Colômbia na destruição dos plantios de coca. A operação da PF tem duração prevista de três anos e custo estimado de R$ 10,4 milhões. Cento e oitenta agentes estão sendo deslocados de vários Estados para o Alto Solimões para reforçar a fiscalização nos postos de controle de fronteira e patrulhar os rios que dão acesso à Colômbia. Na primeira semana de vigência da operação, os agentes começaram a ser remanejados para os postos de controle de fronteira do Exército de Ipiranga (na margem do rio Içá), Vila Bitencourt (margem do rio Japurá), Iauretê, Cucuí e São Gabriel da Cacheira, na região conhecida como Cabeça do Cachorro. O transporte está sendo feito por aviões e barcos. Pressão A Operação Cobra é também uma resposta do governo brasileiro às pressões norte-americanas para o engajamento das Forças Armadas na repressão ao narcotráfico. Em junho deste ano, o governo norte-americano enviou ao Brasil o brigadeiro James Soligan, do Comando Sul, para informar sobre as prováveis conseqüências do Plano Colômbia e saber se o país estaria preparado para enfrentá-las. Na avaliação dos EUA, há risco de que os plantios de coca migrem para o Amazonas. O governo brasileiro discorda da avaliação, alegando que o plantio não seria economicamente viável. Segundo a PF, para se produzir 1 kg de pasta de cocaína com a espécie de coca que cresce na selva brasileira -o epadu- seriam necessárias quatro toneladas de folhas. As espécies da Colômbia, Peru e Bolívia permitem a mesma produção com 120 kg de folha. Questionado se a Operação Cobra conseguirá impedir a migração dos plantios e dos laboratórios de refino de coca ao país, Cristobal Orosco respondeu: "O Plan Cobra (sic) é para preparar o Brasil para qualquer eventualidade e estou seguro de que estão levando isso em conta". Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Questão agrária: Governo libera R$ 14 milhões para o MST Índice |
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