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FHC disputa atenção com mexicano Fox
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
O presidente brasileiro chega
à Europa (irá depois à Holanda) na mesma semana que outro mandatário latino-americano, o presidente eleito do
México, Vicente Fox.
É natural, por isso, que as
atenções européias se dividam
entre um e outro, mas com
vantagem circunstancial para o
mexicano. Ocorre que o México já tem, desde março, um
acordo de livre comércio com a
União Européia, ao passo que o
Mercosul ainda negocia com os
europeus um tratado semelhante, previsto para deslanchar apenas em 2005.
Mais: Fox não pára de falar
no aprofundamento do Nafta
(o acordo de livre comércio
com EUA e Canadá), o que incomoda os europeus.
"Existe o risco real de ficarmos marginalizados", diz memorando dos embaixadores da
União Européia no México, revelado pelo jornal britânico
"Financial Times".
Os europeus não se cansam
de mostrar como perderam
mercado no México, desde a
entrada em vigor do Nafta.
Temem que o fenômeno se
reproduza com o resto da
América Latina, a partir da
criação da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas, com
todos os 34 países americanos,
menos Cuba).
Por isso, lançaram as negociações com o Mercosul, como
contraponto à Alca.
Mas "as negociações com o
Mercosul talvez andem em ritmo demasiado lento", queixa-se, por exemplo, Miguel Ángel
Cortés, secretário de Estado espanhol para a Cooperação Internacional e para Iberoamérica.
É óbvio que FHC tratará com
o chanceler (primeiro-ministro) alemão, Gerhard Schroeder, dessas negociações, mas
não há muito o que avançar nelas enquanto permanecer o
protecionismo europeu na área
agrícola (criticado, aliás, pelos
alemães).
Desde 1993, a Alemanha tem
saldo comercial com o Brasil.
No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,5 bilhões para a
Alemanha e importou US$ 4,7
bilhões, com déficit, portanto,
de US$ 2,2 bilhões.
Essa proporção se manteve
nos seis primeiros meses de
2000, o que permite projetar
novo saldo desfavorável para o
Brasil, uma vez mais acima de
US$ 2 bilhões.
"Esse severo quadro deficitário não se deve somente à abertura do mercado brasileiro,
mas também à manutenção do
protecionismo e aos subsídios
promovidos pela União Européia que continuam a dificultar
o acesso ou a reduzir a competitividade de diversos produtos
brasileiros -tais como café solúvel, suco de laranja, carne de
frango e celulose", diz nota do
Itamaraty.
(CLÓVIS ROSSI)
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