São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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SÃO PAULO

Na frente da casa do candidato pepebista à prefeitura, Paulo Maluf, ministro disse que indicou a amigos que votassem em Alckmin e ressaltou sua "capacidade de aglutinar forças"
Presidente do PPB pediu voto em tucano


JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, vice-presidente do PPB, pediu a amigos votos para o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, para que o tucano passasse para o segundo turno.
"Eu até pedi a uns dez, 12 amigos, que perguntaram em quem votar, que votassem no Alckmin no 1º turno", disse o ministro, na frente da casa de Maluf, minutos antes de conversar sobre o resultado das eleições com o candidato pepebista.
Maluf disputou com Alckmin a vaga para o segundo turno contra Marta Suplicy (PT) e obteve 7.691 votos a mais que o tucano.
Para Dornelles, o candidato tucano teria uma maior facilidade de "aglutinar forças" contra Marta, no segundo turno, do que Maluf. Dornelles não explicou por que acreditava que Alckmin conseguiria maior apoio do que Maluf para derrotar o PT.
Depois de ser contestado pela imprensa sobre o fato de apoiar um candidato de outro partido, o ministro afirmou: "Eu sou mais do que membro do PPB. Eu sou ministro do presidente".
Para Alckmin, a afirmação de Dornelles mostra que a consciência do ministro seria maior do que a doutrina partidária.
"Desconheço o apoio, mas fico honrado", disse o tucano.
Depois de reunido com Maluf por cerca de meia hora, Dornelles tentou contornar a situação.
No jardim da casa de Paulo Maluf e acompanhado por ele, disse: "Eu avisei ao prefeito Paulo Maluf, no que pesa o fato de eu achar que ele era o melhor candidato, que iria pedir alguns votos para Alckmin".
"Considero a administração PT um desastre para São Paulo. Você entraria num Boeing se soubesse que o piloto nunca dirigiu um teco-teco?" Maluf, abraçado a Dornelles, se limitou a dizer: "Agora é todo mundo contra o PT".
Durante a tarde, Maluf acrescentou que a declaração do ministro provaria o uso da máquina pelos governos federal e estadual.
"É uma prova de que o governo federal e o estadual usaram a máquina para ajudar o candidato deles (Alckmin)."
Para o deputado federal Antonio Delfim Netto (PPB-SP), que também esteve na casa de Maluf, a declaração do ministro foi uma "pequena falha". "Felizmente ele tem poucos amigos", disse.
Integrantes do PPB disseram que, como ministro e governista, era esperado o apoio de Dornelles ao candidato do governo. Ficaram surpresos, entretanto, com a declaração.


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