São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VEREADORES
Em SP, bancada aumenta de 3 para 11 parlamentares, dos quais 4 são da Igreja Universal; mudança na lei que limita barulho à noite será uma das prioridades do bloco
Evangélicos crescem e articulam união

ALENCAR IZIDORO
ANTONIO GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quatro anos com influência restrita na Câmara Municipal, os evangélicos já articulam uma atuação conjunta na próxima legislatura.
Dos 55 vereadores eleitos na cidade de São Paulo, 11 são evangélicos. Desses, pelo menos sete compõem uma bancada de representantes das igrejas.
Quatro são ligados à Igreja Universal do Reino de Deus: José Olímpio Silveira (PMDB), Bispo Atilio (PTB), Pastor Vanderlei de Jesus (PL) e Celso Cardoso (PPB).
Os demais se dividem: Carlos Apolinário (PMDB) é da Assembléia de Deus; Carlos Alberto Júnior (PSDB) representa a Comunidade da Graça; Humberto Martins (PDT) é da Comunidade Cristã Paz e Vida.
Entre os atuais vereadores, há três evangélicos, sendo que apenas dois (José Olímpio e Celso Cardoso, que se reelegeram) são líderes religiosos.
As divergências políticas não devem impedir uma atuação conjunta na Câmara Municipal, de acordo com Humberto Martins.
"O princípio de todos é o mesmo, baseado no pensamento cristão. É normal ter grupos unidos", diz. "O povo estava desacreditado e vê no evangélico uma pessoa mais séria. Vamos nos unir", afirma Pastor Vanderlei de Jesus.
Um dos motivos de articulação desse bloco a partir do ano que vem será o Psiu (Programa do Silêncio Urbano), da Prefeitura de São Paulo, que restringe o barulho feito por diversos estabelecimentos, incluindo as igrejas. "Esse assunto é unânime. Todos nós queremos mudar essa legislação", afirma Martins.
Até os que dizem priorizar a posição partidária, antes mesmo da religião, prometem articulação diante desse tema. Por exemplo, Carlos Apolinário. "Mas não gosto do termo bancada evangélica. Minha atuação é partidária. Temos que pensar nos evangélicos, mas respeitando a população."
José Olímpio também afirma que deve "em primeiro lugar se preocupar com a cidade". "Mas temos que ter um carinho especial com esse grupo", afirma.
Carlos Alberto Júnior se diz evangélico praticante, mas afirma não ser "despachante de igreja". "Não quero reduzir meu mandato a isso." Dentro do meio evangélico, ele representa uma tendência chamada MEP (Movimento Evangélico Progressista), que, até então, nunca tinha eleito um vereador. "Minha votação veio muito do trabalho que tenho no MEP e na Comunidade da Graça. Não vou esquecer dos meus eleitores e vou lutar pelos interesses desse grupo, desde que dentro dos princípios da ética e da tolerância religiosa."

Independentes
Havanir Tavares de Almeida (Prona), Baratão (Prona), Roger Lin (PPS) e Dalton Silvano (PSDB) também são evangélicos, mas não se posicionam pela união religiosa na Câmara. "Somos de partidos diferentes. Terei que conversar para conhecer cada um", diz Roger Lin, presbiteriano.
"Sempre andei sozinha, independente. Nunca vou pedir só para um setor. Peço para a população em geral. Não gosto de me juntar a grupos", afirma Hanavir, que frequenta a Igreja Batista.
"Ninguém deve ter privilégio. Se for para mudar alguma coisa, que seja para todos", afirma Dalton Silvano, que é presbiteriano, mas se diz "um pouco afastado" da igreja.


Texto Anterior: Porto Alegre: PDT rompe com o PT no governo
Próximo Texto: Universal faz a segunda maior bancada no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.