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MARANHÃO
Tavares responde a processos, mas nega acusações; prefeito tem prisão decretada
Procurador denuncia abuso de poder
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL AO MARANHÃO
O governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL), que
disputa a reeleição com apoio da
família Sarney, responde a dois
processos na Justiça Eleitoral e a
dois inquéritos no Ministério Público Eleitoral por abuso de poder
na campanha, segundo informou
o procurador regional eleitoral,
Nicolao Dino Costa Neto.
O candidato da Frente Trabalhista, Jackson Lago (PDT), é investigado junto com Tavares por
suposta manipulação da mídia e
foi duramente atacado pelo pefelista no último programa eleitoral
gratuito por suposto desvio de
verbas da empresa municipal de
limpeza urbana Coliseu.
Lago foi reeleito prefeito de São
Luís, em 2000, com apoio da então governadora Roseana Sarney.
Hoje, os dois lados consideram a
aliança um "equívoco". As acusações relativas à Coliseu já haviam
sido exibidas na eleição municipal, mas monopolizaram o debate
entre os candidatos na TV, anteontem à noite. Lago e Tavares
negam as acusações feitas a eles.
O presidente regional da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), Raimundo Marques, pediu
reforço de tropas federais por temer tumulto nas cidades maiores.
Denúncias de abuso de poder
pipocam na capital e no interior.
Segundo o procurador Costa Neto, Tavares responde a ação por
uso do símbolo da propaganda
institucional do governo como
marca da campanha. Milhares de
cartazes com o símbolo estão espalhados pelo Maranhão, apesar
de a Justiça ter determinado sua
retirada. Segundo o procurador, a
ação pede a cassação do registro
da candidatura.
A segunda ação refere-se a programa lançado em abril pelo governador que, entre outras medidas assistencialistas, distribui
óculos à população carente.
"Quem manda sou eu"
O caso mais explícito de abuso
de poder denunciado pelo promotor ocorreu em São Francisco
do Maranhão (divisa com Piauí).
O prefeito, José Willys Nogueira
(PTB), está com prisão preventiva
decretada, por coagir funcionários municipais a votarem nos
candidatos dele, sob ameaça de
demissão. Para Costa Neto, o episódio mostra que "o coronelismo
político continua bem vivo no interior do Maranhão".
A Justiça negou o pedido de habeas corpus apresentado pelos
advogados. O prefeito está desaparecido desde que seu vice, e inimigo político, entregou a prova
da ameaça à Justiça Eleitoral, há
cerca de três semanas.
A prova é a fita com a gravação
de um programa de rádio patrocinado pela prefeitura, que foi ao ar
em 14 de setembro, pela Rádio
Cultura do Amarante, do Piauí.
Após acusar o ex-prefeito José
Maria Carvalho (PFL) de estar
vendendo votos na região, Willys
disse ter cortado o fornecimento
de luz a casas de pessoas ligadas
ao ex-prefeito.
"Não vou pagar óleo para ninguém usufruir de energia e de
água e falar do Zé Willys e não votar nos meus candidatos, não. Daqui para a frente, é língua ou beiço. E, se ligar clandestinamente,
mando botar na cadeia, porque
quem manda no município sou
eu." Na sequência, disse que o pagamento de setembro do funcionalismo só sairia depois da eleição e que os funcionários que votassem contra os candidatos dele
estariam demitidos e "com o salário de setembro perdido".
"Quem quiser ver se é o contrário, é só tentar. (...) Quem estiver
achando ruim, é morrer. Porque a
prefeitura tem um convênio com
a Sociedade Plano Amigo, e o caixão é gratuito."
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