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A DESIGUALDADE É NOSSA
Petista compara combate à fome a "O petróleo é nosso"
"Pior que sociedade pobre é a que nunca reparte", diz Lula
CHICO SANTOS
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva comparou ontem a luta por
uma sociedade mais justa à vitoriosa campanha "o petróleo é
nosso", que, nos anos 50, resultou
na criação da Petrobras. "A luta
pela justiça social é o divisor de
águas do desenvolvimento brasileiro do século 21. É a campanha
do petróleo da nossa geração",
afirmou, em solenidade comemorativa dos 50 anos da estatal, ontem, no Rio.
"Agora, uma nova causa se impõe, tão desafiadora quanto a
campanha dos anos 50. Falo da
luta por um desenvolvimento que
faça da inclusão social o novo motor da economia brasileira. Mais
desumana que a sociedade pobre
é a economia rica que nunca reparte", acrescentou.
Lula lembrou o fato de a Petrobras ter surgido como um projeto
desacreditado para afirmar que,
havendo vontade política, é possível ao Brasil vencer também a fome e a miséria. "Estou convencido de que um povo que fez a Petrobras há 50 anos e que fez Brasília há 40 anos pode acabar com a
fome e a miséria no século 21."
Ele disse que "desenvolvimento
não é um automatismo na vida
das nações, mas uma combinação
delicada de necessidades e possibilidades". E criticou o apego exclusivo aos fundamentos econômicos: "A economia é a máquina,
produz riquezas para o ser humano, condiciona o campo de ação,
mas não decide o destino", disse
no discurso.
O presidente afirmou que o Brasil deverá atingir a auto-suficiência em petróleo no seu governo (a
Petrobras estima que isso ocorra
em 2006) e disse que o sucesso da
estatal prova que "um sonho nem
sempre é uma miragem, especialmente quando é sonhado por milhões de pessoas".
Ele defendeu a determinação do
atual governo de que 65% das
compras de equipamentos da Petrobras sejam feitas no país. Contou que, em encontro recente, o
primeiro-ministro da Noruega
lhe disse que empresas daquele
país compraram um estaleiro no
Brasil a fim de participar das concorrências da estatal.
"Nós não queríamos evitar que
empresas estrangeiras produzissem os nossos navios ou a nossa
plataforma. O que nós queríamos
era que nosso dinheiro fosse gasto
dentro do Brasil, para gerar empregos para homens e mulheres
brasileiros."
Vaia
A cerimônia comemorativa dos
50 anos da Petrobras, da qual Lula
participou, teve um momento de
constrangimento quando pessoas
que estavam no fundo do salão
começaram a vaiar assim que foi
anunciada a presença da governadora do Rio, Rosinha Matheus
(PMDB). A vaia acabou sendo sufocada por palmas das pessoas
próximas ao palco onde estavam
as autoridades.
Cerca de 800 pessoas assistiram
à cerimônia no salão de festas do
24º andar do edifício-sede da empresa. Um grupo maior de empregados se concentrou no andar
térreo do prédio, onde telões
transmitiram a festa. No final, Lula desceu até a sobreloja e, de uma
espécie de sacada, acenou para o
grupo, que o recebeu aos gritos de
"olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".
O presidente da Petrobras, José
Eduardo Dutra, fez um discurso
no mesmo tom do de Lula. Ex-senador, Dutra disse ter optado por
falar "como um brasileiro", para
quem o Brasil todo tem que dar
certo, e não só a estatal.
Já a ministra Dilma Rousseff
(Minas e Energia) comparou a vitória de Lula na eleição à decisão
de fundar a Petrobras. "O presidente Luiz Inácio [Lula da Silva],
ao saber de sua vitória, disse que a
esperança venceu o medo. Eu
acho que todos nós queremos, em
termos de país, que a esperança
vença o medo. E o medo muitas
vezes assume formas disfarçadas.
Uma das formas do medo foi que
durante muito tempo se dizia que
não havia petróleo no Brasil."
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