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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Apoio do casal Garotinho a Alckmin incomoda aliados
Cesar Maia, principal cabo eleitoral do tucano no Rio, diz que ele "perde discurso da ética"
"Apoio se recebe e se agradece. Não nos foi solicitado nada que não fosse compromisso com o Brasil", disse o candidato
JOSE ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato a presidente do
PSDB, Geraldo Alckmin, recebeu ontem o apoio formal da
governadora do Rio de Janeiro,
Rosinha Matheus, e de seu marido, o ex-governador Anthony
Garotinho, ambos do PMDB.
O casal se reuniu com o tucano acompanhado do presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP).
O trio explicitou a divisão do
partido neste segundo turno, já
que o peemedebista Sérgio Cabral, candidato ao governo do
Rio, declarou apoio à reeleição
de Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro também estremeceu a aliança PSDB-PFL, já
que o pefelista Cesar Maia, prefeito do Rio, é adversário do casal Garotinho. Reunido com o
PDT em São Paulo, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen,
não participou do encontro.
Segundo Maia, Alckmin perde o discurso da ética ao se
aproximar do casal. Além disso,
Denise Frossard (PPS) disputa
o segundo turno com Cabral e
espera a ajuda do tucano.
"Nós começamos a fazer um
trabalho para obter a parcela
mais ampla do PMDB no apoio
à candidatura Geraldo Alckmin. Hoje, com a governadora
Rosinha e o ex-governador Garotinho, foi o primeiro passo",
disse Temer. A visita ocorreu
em São Paulo.
Segundo Temer, seu partido
está consultando governadores
e parlamentares eleitos para
promover um grande ato de
apoio a Alckmin no Sudeste.
Ele disse não ver prejuízos à
candidatura de Cabral no Rio.
Garotinho justificou o apoio
ao tucano: "Vários motivos nos
levam a apoiar a candidatura do
ex-governador Geraldo Alckmin. Na história do Brasil nunca se viu um governo de tantos
escândalos, de tanta corrupção
e de tanta parcialidade. A Polícia Federal atua de um jeito
com relação às pessoas comuns, mas não com o mesmo
jeito em relação a Marcos Valério, Delúbio Soares e tantos outros personagens da intrincada
trama da corrupção petista".
Ainda como pré-candidato a
presidente, em abril, o ex-governador do Rio foi alvo de suspeita de irregularidades nos repasses de recursos do Estado
para ONGs ligadas a sua pré-campanha. A Polícia Federal
investiga o caso. "Todas as denúncias [contra mim] foram
apuradas e nenhuma delas foi
comprovada. Fizeram denúncias contra o Alckmin, contra o
Lula. Se denúncia atrapalhasse
campanha, o Lula não tinha nenhum voto", afirmou.
Questionado sobre as críticas
do prefeito do Rio, Garotinho
respondeu: "O Cesar Maia é
uma pessoa que gosta de polêmica, nem tudo o que ele fala
deve ser levado à sério".
Sem compromisso
Alckmin disse não haver
constrangimentos no encontro. "Apoio se recebe e se agradece. Não nos foi solicitado nada que não fosse compromisso
com o Brasil.", reagiu ele, dizendo que mantém o "diga-me
com quem andas e te direi
quem és" como um lema.
Com o apoio de Garotinho, o
tucano espera melhorar seu desempenho no Rio, onde só teve
28,86% dos votos válidos no
primeiro turno.
A manifestação de apoio de
Garotinho foi planejada na véspera com a ajuda de Temer.
Afirmando que tem pressa na
conquista de aliados, Temer
propôs o encontro a Garotinho
após uma conversa com Alckmin. Como o casal concordou
com a proposta, o presidente
do PSDB, Tasso Jereissati (CE),
telefonou para o líder do PFL
na Câmara, Rodrigo Maia, filho
do prefeito do Rio, informando
a decisão. "Apoio não se rejeita", limitou-se a dizer Rodrigo.
Ainda assim, Bornhausen
não quis participar do encontro
com Garotinho. "Não vou arrumar encrenca com o Cesar
Maia", justificou ele.
Na viagem de Brasília a São
Paulo, Bornhausen pediu que
Tasso compense o PFL do Rio:
neutralize o desgaste provocado pela adesão de Garoitinho
com a declaração formal de
apoio do PSDB, que no primeiro turno lançou Eduardo Paes,
a Denise Frossard.
Pela manhã, Alckmin recebeu a visita do governador do
Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB),
que não conseguiu se reeleger.
Alcântara chegou a exibir imagens de Lula no horário eleitoral. Ontem, disse que esse é um
episódio superado e que vai trabalhar para eleger Alckmin.
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