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Candidatura Ciro ameaça alianças estaduais
PT e PSDB alegam que será necessária a construção de palanques exclusivos para seus candidatos ao Planalto em 2010
PSB e tucanos negociam em Alagoas, Paraíba, Amazonas e Paraná; petistas veem ameaça em Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem sequer confirmada, a
mera hipótese de candidatura
do deputado Ciro Gomes (PSB-SP) à Presidência já produz
efeito demolidor sobre palanques nos Estados.
Com a disposição de Ciro de
concorrer ao Planalto, fica ao
menos suspensa a costura de
alianças não só com o PT -um
de seus mais tradicionais aliados- mas até com o PSDB. Tucanos e petistas alegam que,
mantida a candidatura de Ciro,
será necessária a consolidação
de palanques exclusivos para
seus presidenciáveis.
PSDB e PSB negociam alianças na Paraíba, em Alagoas, no
Paraná e no Amazonas.
Na Paraíba, o prefeito de
João Pessoa, Ricardo Coutinho
(PSB), tem o apoio do PSDB para a disputa pelo governo do Estado. Questionado sobre como
acomodaria duas candidaturas
à Presidência num só palanque,
Coutinho esquiva-se: "Está
muito cedo para isso".
Já o senador Cícero Lucena
(PSDB) insiste no lançamento
de sua candidatura ao governo
a pretexto de oferecer um palanque para o potencial candidato do PSDB à Presidência,
José Serra, na Paraíba. "O
PSDB terá candidato", avisa.
No Paraná e no Piauí, a situação é ainda mais delicada. O governo do Piauí será ocupado
pelo PSB caso o governador
Wellington Dias (PT) se afaste
para concorrer ao Senado.
Aí, o desconforto não está só
em entregar o governo a um
partido que tem outro candidato: à frente da máquina, o vice-governador Wilson Martins
(PSB) poderá concorrer contra
o próprio PT, que estuda candidatura própria.
No Paraná, o vice-prefeito de
Curitiba, Luciano Ducci (PSB),
assumirá a cadeira de prefeito
se o titular, Beto Richa, for o
candidato do PSDB ao governo
do Estado. Nesse caso, o PSB
herdará a prefeitura do PSDB.
Segundo tucanos, Ducci se
comprometeu a apoiar o PSDB.
Procurado pela Folha, recomendou que o presidente estadual do PSB, Severino Araújo,
fosse consultado. "O partido
apoiará o candidato do PSB. O
partido, entende?", diz Araújo.
"Não existe esse acordo", rechaça o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg.
Um dos articuladores da candidatura da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), o ex-ministro e deputado cassado José
Dirceu (PT) disse que, oficializada a candidatura Ciro, o PT
teria de romper alianças estaduais com o PSB. Estariam sob
ameaça coligações em Pernambuco, Ceará e no Rio Grande do
Norte, governados pelo PSB.
Candidato à reeleição, o governador do Ceará e irmão de
Ciro, Cid Gomes (PSB), aposta
no "entendimento de que será
necessária mais de uma candidatura da base para garantir
uma vitória em 2010".
Após uma reunião com o governador de Pernambuco e
presidente nacional do PSB,
Eduardo Campos, o ex-prefeito
e secretário estadual João Paulo Lima minimizou, na sexta-feira, o risco de ruptura. Mas
por outro motivo. Lembrando
que Campos condiciona a candidatura de Ciro a um acordo
com o presidente Lula, João
Paulo afirma: "O desejo do Ciro
não é necessariamente realizável. Não é necessariamente o
desejo do PSB".
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