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Balanço de assentados gera polêmica desde 2002
DA REPORTAGEM LOCAL
Os balanços anuais dos assentamentos rurais são alvo de
controvérsia desde 2002,
quando a Folha revelou que os
números eram engordados
com famílias que ocupavam as
terras anos antes da criação
oficial do assentamento.
O governo contabiliza como
"assentados" pessoas que apenas podem ter recebido créditos específicos, para construção de casas ou plantio -ou seja, que não eram famílias acampadas, mas moradores em projetos já existentes.
A prática foi inaugurada no
governo de FHC (1995-2002).
No primeiro mandato de Lula
(2003-2006), o governo repetiu as estratégias -que antes
eram combatidas pelo PT.
Em janeiro de 2006, o governo Lula anunciou "recorde histórico" de supostos 381 mil trabalhadores assentados desde
janeiro de 2003. Contudo, após
a leitura dos dados relativos a
243 mil assentados entre 2003
e 2005, a reportagem concluiu,
em fevereiro passado, que 48%
do total se relacionava a projetos criados antes do governo
Lula e ao menos um terço do
número total são pessoas "assentadas" em projetos extrativistas e reservas e assentamentos tocados pelos Estados.
Os números divergem entre
órgãos do próprio governo. Em
2002, estudo do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada) financiado pelo governo
apontou diferença de 44% entre o número oficial do biênio
1999-2000, divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário, e o registrado no Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O
governo dizia ter assentado 194
mil, e o Ipea constatou 109 mil.
Em 2002, um técnico da USP
contratado pelo governo para
realizar um "censo" apontou
328.825 assentados em projetos criados pelo Incra entre
1995 e 2001. O número é 44%
inferior às 584.655 famílias
anunciadas pelo então ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, em fevereiro de 2002.
(RUBENS VALENTE)
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