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NO AR
Superpop
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Que Lula fosse seguido pelo mundo com louvores
da televisão brasileira já se esperava. Mas nada dizer sobre a
ditadura síria vai além do costumeiro.
Na Globo, falaram do "jovem
presidente sírio" e do "passado
comum", da "afinidade" dos
dois povos, "desde a história de
São Paulo".
Mencionaram que "as terras
distantes do Oriente Médio estão mais próximas" agora. Que
Lula defendeu, em discurso,
propostas semelhantes às do
"mundo árabe moderado".
Que ele se reuniu com o "jovem presidente" no "Palácio do
Povo, o equivalente do nosso
Palácio do Planalto".
Só lá pelo fim de uma reportagem se ouviu, bem de passagem,
que a Síria tem um "regime fechado". Que é um outro nome
para ditadura.
Lula devia dar logo os cabides
ao PMDB, se quer tanto a legenda. Nem a cobertura aguenta
mais. Da CBN:
- Os líderes têm uma nova
reunião para mais uma vez tentar um acordo...
Não adianta. O líder do
PMDB dá um jeito e inviabiliza
até acordo que envolve o PFL. E
sai dizendo que não deixa passar "mais nada".
Os ataques à polícia voltaram
em São Paulo -e o secretário
de Segurança Pública voltou às
entrevistas ao vivo, em telejornais da Globo e da Band, no caso, o Brasil Urgente.
E tome abuso da palavra
"bandido", além da histeria e
da consternação representadas
pelos narradores.
Do que se viu ontem na televisão, destacou-se uma inusitada
declaração do secretário, depois
de sublinhar que "sete criminosos já morreram e o recado é para parar com isso (os ataques)".
A declaração inusitada veio logo a seguir:
- São suicidas. Qual é a lógica de atacar a polícia? Nenhuma. O negócio desse pessoal que
foi morto é tráfico e roubo, não
atacar a polícia. É um ato suicida, tanto que eles estão morrendo. Já tinham morrido dois, hoje foram mais. Não sei onde
querem chegar.
O Brasil Urgente, aproveitando cenas de um tiroteio em que
sua equipe se meteu, chamou a
situação de "guerra civil". O secretário concordou.
Quando menos se espera,
quando a memória já nem registra mais, Fernando Collor
volta à televisão. Foi anteontem, num programa sem fim na
Rede TV! -que o convidou não
se sabe por quê.
Collor "revelou" que por muito pouco não se matou quando
era presidente, como Getúlio.
Chorou e quase levou a apresentadora Luciana Gimenez às
lágrimas. Elogiou PC Farias.
Elogiou Lula.
Foi um Superpop inacreditável -do outro mundo, além da
imaginação.
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