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PF analisa pacote de dinheiro que seria destinado a Arruda
Barbosa diz ter sido instruído a repassar 40% do total, estimado em R$ 63 mil, para governador
Perícia da Polícia Federal confirma que envelope de Sedex, lacrado, contém cédulas e agora procura por digitais dos envolvidos
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
SILVIO NAVARRO
DO PAINEL
A Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, que investiga o mensalão do DEM, interceptou um pacote de Sedex
com dinheiro que, segundo o
ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, foi
enviado por uma empresa de
informática para chegar "ao governador do DF [José Roberto
Arruda] e demais pessoas".
A quantia dentro do Sedex é
estimada pelo próprio Barbosa
em R$ 63.310. Seu depoimento
não deixa claro como ele soube
do valor e sua divisão.
A primeira perícia no pacote,
ainda lacrado, foi feita com ajuda de raio-X, pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF,
e indicou que de fato o conteúdo é dinheiro vivo. O delegado
da PF responsável pelo caso pediu aos peritos que localizem
possíveis impressões digitais.
"As imagens obtidas mostram objetos retangulares com
formato compatível com cédulas monetárias, que aparentam
estar agrupadas em maços envoltos com elástico. Pode-se
perceber alguns dos elementos
presentes em notas de R$ 50: o
valor e a marca d'água", diz o
relatório do INC.
A história do pacote começou na manhã do dia 13 de outubro passado, segundo o depoimento prestado à PF por
Barbosa, 58. Ele disse que o encontrou ao chegar para trabalhar no seu gabinete na Secretaria de Relações Institucionais
no governo do DF -da qual foi
exonerado na semana passada,
após ser revelado que ele gravou entregas de dinheiro e conversas com o governador, deputados e empresários.
Sobre o pacote, Barbosa
preencheu uma folha de papel
com nomes, números e percentuais, e anotou: "CTIS mandou
entregar na secretaria (recepção) como Sedex". Pela divisão,
caberiam "25.324" ao governador Arruda (ou 40% do total) e
"18.993" para o vice-governador, identificado pelas iniciais
"P.O.", de Paulo Octávio. O restante seria dividido entre dois
outros integrantes do governo.
À PF Barbosa reafirmou a suposta origem do dinheiro: "Foi
informado por sua secretária
de que tal envelope havia sido
deixado mais cedo por uma
pessoa da CTIS". Disse que então resolveu telefonar para a
promotora de Justiça do DF
Alessandra Queiroga, a quem
conhecia por conta de investigações anteriores conduzidas
pelo Ministério Público. Ela levou o pacote para a Promotoria
e chamou a PF para apreendê-lo, em sua sala, ainda lacrado.
Citada por Barbosa, a CTIS é
uma das principais empresas
de tecnologia de informação do
país. Segundo dados fornecidos
pela empresa, ela faturou, em
2008, R$ 457 milhões em 189
contratos e, em maio, projetava
para 2009 um faturamento de
R$ 609 milhões. Mantém contratos com a Secretaria de Fazenda do DF, a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília),
o governo de São Paulo, órgãos
da União e empresas privadas.
A CTIS doou R$ 250 mil para
a vitoriosa campanha de Arruda, em 2006, e mais R$ 520 mil
para candidatos diversos, incluindo a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), com R$ 200 mil.
Em 2008, a CTIS contratou
como seu "diretor de vendas
[ao] governo" Luiz Fernando
Wellisch, que, até o final de
2007, era o secretário de Finanças do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).
Em 2009, a CTIS foi alvo de
outra operação da PF, a Mainframe, que teve por base investigação da SDE (Secretaria de
Direito Econômico) do Ministério da Justiça acerca de cartel
e fraudes em licitações supostamente cometidos por quatro
empresas de informática do DF
-o inquérito segue aberto.
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