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ENTREVISTA
Presidente afirma que deputado "passou dos limites" ao pedir seu fuzilamento e diz querer dólar mais estável
FHC pede à Câmara que puna Bolsonaro
Moacyr Lopes Júnior - 22.ago.99/Folha Imagem
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"Na campanha estávamos em plena crise" |
da Reportagem Local
O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou providências
da Câmara quanto às declarações
feitas pelo deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ) no almoço em desagravo ao ex-comandante da Aeronáutica Walter Bräuer.
"Para o crime que ele (FHC) está cometendo contra o país, sua
pena devia ser o fuzilamento",
disse Bolsonaro, que foi capitão
do Exército, após o almoço, no
dia 28 de dezembro, no Rio.
"Há um deputado que, a meu
ver, a Câmara deve cuidar porque
ele passou dos limites", disse FHC
em entrevista ao telejornal Bom
Dia Brasil, da Rede Globo, ontem
de manhã.
O presidente criticou outros militares participantes do almoço
que, segundo ele, "nunca foram
democratas".
FHC também disse na entrevista que gostaria de manter a cotação do dólar entre R$ 1,75 e R$
1,85. "O importante é não haver
muita flutuação", afirmou.
Leia os principais trechos da entrevista:
BOLSONARO - "Um conjunto
de oficiais, a imensa maioria da
reserva, se manifesta em solidariedade a ele (Bräuer). E aí, no dia
seguinte, o que aconteceu? Nada.
Nada. Tudo calmo. As pessoas falaram, alguns foram absolutamente inconvenientes. Há um
deputado que, a meu ver, a Câmara é que devia cuidar dele e deve cuidar porque ele passou dos
limites".
MILITARES - "Os outros (militares presentes ao almoço) são senhores respeitáveis, idosos. Alguns têm um passado complicado porque nunca foram democratas. Outros, não. O que você
quer que eu faça? Prenda e arrebente? (repetindo frase famosa
do presidente João Baptista Figueiredo, morto em dezembro)".
ANALFABETISMO - "Mais importante que o crescimento é o
bem-estar. Os últimos dados do
IBGE são contundentes. Nós hoje
temos muito menos analfabetos
do que nós tínhamos no passado
e estamos acabando com o analfabetismo. É possível, na próxima
década, acabar com o analfabetismo no Brasil de uma vez por todas".
"SUCATÃO" - "Não tenho medo, não. Fui talvez o "último dos
moicanos" a defender o "Sucatão"
porque é um avião estável. Ele
tem inconvenientes: é um avião
antiquado, faz muito barulho, você chega no local com a cabeça
zonza. Ele não está autorizado a
descer em alguns aeroportos,
consome muito combustível e é
um avião caro de manutenção".
ACIDENTE - "Houve realmente
um acidente. Falei com o vice-presidente, Marco Maciel, e ele
me disse que viu fogo e não sei o
que. A Aeronáutica não é inconsequente, eles sabem quando a
coisa é segura. A decisão de trocar
de avião diz respeito a essas características que eu mencionei.
Agora, que avião vai comprar eu
não sei nem quero saber. Essa é
uma decisão que a Aeronáutica
vai tomar. Vejo todo mundo falando mal do "Sucatão", eu fui defensor. Agora, é um avião antiquado mesmo, caro".
PARLAMENTARISMO - "O que
está em jogo agora é a reforma de
partidos. O meu partido, o PSDB,
é parlamentarista. Eu votei pelo
parlamentarismo. Houve uma
decisão popular contra e isso não
pode ser esquecido. Agora, para
que nós possamos mais tarde
imaginar um regime parlamentarista, temos que ter partidos. Há
medidas no Congresso, e eu as
apóio, que fortalecem os partidos, dão mais fidelidade, não permitem mais legendas de aluguel.
Isso deve ser feito, eu vou apoiar e
acredito que o Congresso fará
ainda este ano".
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA -
"Ainda em janeiro vou promulgar algumas medidas com o ministro (Francisco) Dornelles
(Trabalho) muito importantes.
Por exemplo: aquilo que você
acorda, o acordado através de
medidas coletivas, com os sindicatos, tem que prevalecer sobre o
que for decidido, julgado".
PROMESSA DE CAMPANHA -
(Resposta a pergunta sobre a promessa de crescimento econômico
em 1999 realizada durante a campanha presidencial de 1998) "Na
campanha nós estávamos em
plena crise da Rússia, então era
difícil imaginar que de repente isso pudesse virar. Ninguém tem
bola de cristal em economia. Tenho confiança que 2000 vai ser
um ano muito bom".
DECISÕES CORAJOSAS -
"Não depende de mim. A falta de
coragem eu nunca tive. Mandei
leis muito audaciosas, mas dependem de negociações".
BASE PARLAMENTAR - "Nunca no Brasil durante tantos anos
houve uma base que votasse tão
favoravelmente ao governo sem
que haja violência, sem que haja
caudilhismo. De modo que estamos fazendo muitas transformações num clima de respeito institucional com uma base heterogênea, com uma base que muitas
vezes vota naquilo que ela não
acredita muito".
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