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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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Expulsão de "radicais" atingiria poucos parlamentares petistas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A eventual decisão do governo de expulsar do PT alguns dos integrantes radicais teria efeito bem mais simbólico do que prático.
A fragmentação da "esquerda" petista e a facilidade com que é cooptada pela ala moderada tornam improvável o cenário de expulsão ou debandada em massa.
Mais realista é prever a saída de segmentos localizados do partido, não mais do que algumas centenas de militantes, ligados a movimentos sociais, sindicatos e a Igreja. Na cúpula do PT, o efeito deve ser bem menor.
Entre os parlamentares, além da senadora Heloisa Helena (AL), figura de maior visibilidade entre os dissidentes, poderia ocorrer a saída de mais um ou dois senadores -Ana Júlia Carepa (PA), da Democracia Socialista (DS), mesma tendência da alagoana, é frequentemente citada como potencial foco de futuras crises internas.
Na Câmara, a perda de deputados seria igualmente pequena, dificilmente chegando a uma dezena. Focos de irritação da cúpula partidária incluem Luciana Genro (RS), Lindberg Farias (RJ), Babá (PA) e Maninha (DF).
A ala radical petista concentra um terço dos 300 mil filiados, mesma fatia que controla no diretório nacional. Na bancada parlamentar, a proporção é semelhante, com cerca de 35 dos 91 deputados federais e 4 dos 14 senadores.
Os radicais, no entanto, têm pouca coisa em comum além da oposição ao grupo de José Dirceu e José Genoino. Existem cerca de dez correntes de "esquerda", sendo as principais a Democracia Socialista, Articulação de Esquerda de Força Socialista.
Raramente os radicais atuam em bloco e divergem frequentemente sobre questões políticas e programáticas. Mesmo em um tema que os unifica, como o repúdio ao FMI, há nuances. Na última renovação do diretório nacional, eles lançaram quatro chapas.
Além da fragmentação, há a atração do poder a debilitar a dissidência interna. Com habilidade, Lula tratou de comprometer os radicais com seu governo, colocando-os em dois cargos de primeiro escalão: Miguel Rosseto no Desenvolvimento Agrário e José Fritsch na secretaria da Pesca.
Vários representantes da ala minoritária integram ainda postos de segundo escalão, como a secretaria-executiva do Ministério do Trabalho. Além disso, o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), é da esquerda petista.
(FÁBIO ZANINI)


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