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Expulsão de "radicais" atingiria
poucos parlamentares petistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eventual decisão do governo
de expulsar do PT alguns dos integrantes radicais teria efeito bem
mais simbólico do que prático.
A fragmentação da "esquerda"
petista e a facilidade com que é
cooptada pela ala moderada tornam improvável o cenário de expulsão ou debandada em massa.
Mais realista é prever a saída de
segmentos localizados do partido,
não mais do que algumas centenas de militantes, ligados a movimentos sociais, sindicatos e a
Igreja. Na cúpula do PT, o efeito
deve ser bem menor.
Entre os parlamentares, além da
senadora Heloisa Helena (AL), figura de maior visibilidade entre
os dissidentes, poderia ocorrer a
saída de mais um ou dois senadores -Ana Júlia Carepa (PA), da
Democracia Socialista (DS), mesma tendência da alagoana, é frequentemente citada como potencial foco de futuras crises internas.
Na Câmara, a perda de deputados seria igualmente pequena, dificilmente chegando a uma dezena. Focos de irritação da cúpula
partidária incluem Luciana Genro (RS), Lindberg Farias (RJ), Babá (PA) e Maninha (DF).
A ala radical petista concentra
um terço dos 300 mil filiados,
mesma fatia que controla no diretório nacional. Na bancada parlamentar, a proporção é semelhante, com cerca de 35 dos 91 deputados federais e 4 dos 14 senadores.
Os radicais, no entanto, têm
pouca coisa em comum além da
oposição ao grupo de José Dirceu
e José Genoino. Existem cerca de
dez correntes de "esquerda", sendo as principais a Democracia Socialista, Articulação de Esquerda
de Força Socialista.
Raramente os radicais atuam
em bloco e divergem frequentemente sobre questões políticas e
programáticas. Mesmo em um tema que os unifica, como o repúdio ao FMI, há nuances. Na última renovação do diretório nacional, eles lançaram quatro chapas.
Além da fragmentação, há a
atração do poder a debilitar a dissidência interna. Com habilidade,
Lula tratou de comprometer os
radicais com seu governo, colocando-os em dois cargos de primeiro escalão: Miguel Rosseto no
Desenvolvimento Agrário e José
Fritsch na secretaria da Pesca.
Vários representantes da ala minoritária integram ainda postos
de segundo escalão, como a secretaria-executiva do Ministério do
Trabalho. Além disso, o líder do
PT na Câmara, Nelson Pellegrino
(BA), é da esquerda petista.
(FÁBIO ZANINI)
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