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INQUÉRITO
Ex-ministro é acusado de comandar "mensalão"
Depois de oito meses, Polícia Federal ainda não tem provas contra Dirceu
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de investigar por oito
meses o esquema do "mensalão",
Ministério Público e Polícia Federal ainda não têm provas de que o
ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT-SP)
tenha usado o cargo em benefício
de negócios intermediados pelo
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Por ora, o que existem contra
Dirceu são depoimentos -considerados tecnicamente como provas testemunhais- que o apontam como um líder partidário
máximo, comandante inconteste
do governo petista, consciente e
conivente com um esquema de
distribuição de dinheiro a parlamentares petistas e da base aliada.
Também seriam do conhecimento de Dirceu as fontes que alimentariam o caixa dois movimentado pelo "valerioduto": pedágio sobre negócios em estatais,
contratos superfaturados ou empréstimos tomados por Valério e
distribuídos sob orientação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Dirceu foi presidente do partido
e trabalhou na coordenação da
campanha de Luiz Inácio Lula da
Silva em 2002. Há evidências de
que o PT tenha utilizado recursos
não-contabilizados para pagar as
despesas da campanha. O publicitário Duda Mendonça, por exemplo, já reconheceu ter recebido
parte do pagamento de serviços
prestados naquele ano por meio
de uma conta fora do país.
Por um conjunto de fatores, em
relatório parcial ainda não votado, a CPI dos Correios aponta o
ex-ministro como o mentor do
"mensalão". Não há, no entanto,
um ato de ofício, um despacho assinado por Dirceu, que mostre
um eventual uso do cargo em troca do qual os interessados tenham
feito qualquer pagamento.
Quando ministro, Dirceu recebeu em seu gabinete no Planalto
executivos do BMG e do Rural,
bancos que concederam empréstimos a Marcos Valério. O dinheiro tomado -no valor principal
de R$ 63 milhões, segundo a CPI
dos Correios- ia para o PT.
Dirceu nega todas as acusações,
a começar da que estaria ciente do
esquema. Atribui a responsabilidade pela relação PT-Valério à
antiga cúpula do partido.
Diz, ainda, não saber que sua]
ex-mulher Maria Angela Saragoça havia sido contratada pelo banco BMG, em São Paulo, e que tomara um empréstimo com o Rural para viabilizar uma transação
imobiliária, na qual também houve a participação de Rogério Tolentino, sócio de Valério.
Cassado em novembro, Dirceu
lutou o quanto pôde contra a punição, que o tornou inelegível até
2015.
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