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Oposição vê CPI dos cartões como certa e fala em "mensalinho para privilegiados'
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A revelação de que um segurança da filha do presidente
Lula gastou R$ 55 mil com cartões corporativos levou a oposição a aumentar o tom das críticas e dar como certa a criação
de uma CPI. Os gastos foram
chamados de "mensalinho para
alguns privilegiados".
Ontem, a Folha mostrou que
João Roberto Fernandes Júnior, um dos seguranças de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente, usou cartão
corporativo para pagar despesas de autopeças, materiais de
construção e de munição.
"Me parece que o uso cartão
corporativo se transformou
numa espécie mensalinho para
alguns privilegiados do governo", disse José Agripino (RN),
líder do DEM no Senado. "Eu
já havia dito que o caso da ministra Matilde Ribeiro [Igualdade Racial] era só a ponta do
iceberg", complementou.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) questionou
"por que o cartão estava com
um segurança". "É um desvio
que respinga no presidente da
República. Aparentemente, é
tudo muito estranho", afirmou.
O líder do PSDB no Senado,
Arthur Virgílio (AM), disse que
os ministros e demais integrantes do Executivo estão utilizando o cartão corporativo
como "salário extra". Para ele,
"a CPI é inevitável". "No Senado, nós só precisamos de 27 assinaturas. Se o governo fosse
inteligente, abraçaria a idéia de
se fazer uma CPI mista para
contar com a participação de
deputados", disse.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) disse que é a favor de
uma apuração mais rigorosa
sobre o caso. Mas afirmou que
o atual governo já demonstrou
ser mais transparente do que o
anterior. "Mas é possível que
tenha havido abusos", disse.
Suplicy, no entanto, concorda com as avaliações de que o
cartão corporativo pode ter sido utilizado como forma de
complementação de renda. A
Folha tentou ouvir os líderes
governistas Ideli Salvatti (PT-SC), Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), Valdir Raupp
(PMDB-RO) e Romero Jucá
(PMDB-RR), mas eles não foram encontrados.
Para uma CPI mista, 171 deputados precisam assinar o requerimento de instalação. Autor da proposta de CPI, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz que uma comissão parlamentar de inquérito não tenha como foco o caso de familiares do presidente. "Queremos apurar o uso indiscriminado do cartão", disse.
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