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NOVA DIREÇÃO
Ciro Nogueira, um dos principais aliados de Severino, responde por ter deixado ex-deputados em imóveis funcionais
Corregedor da Câmara tem bens bloqueados
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor e segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Ciro Nogueira (PP-PI), teve
seus bens tornados indisponíveis
pela Justiça devido à acusação de
improbidade administrativa que
teria cometido durante o período
em que foi responsável pela administração dos 432 apartamentos
funcionais da Casa.
Nogueira é um dos principais
conselheiros e aliados do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e ocupava, até fevereiro, a 4ª Secretaria da Casa, que
é a responsável pelos apartamentos funcionais.
As decisões que bloquearam os
bens do corregedor da Câmara foram tomadas no dia 24 pelas juízas Daniele Maranhão Costa Calixto e Adverci Lates Mendes de
Abreu, da 5ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
São três liminares concedidas a
ações de improbidade administrativa elaboradas pelo Ministério
Público contra Nogueira e três ex-deputados federais. A acusação
básica é a de que houve prejuízo
aos cofres públicos, já que deputados federais continuaram morando de graça nos apartamentos
federais mesmo depois do fim de
seus mandatos.
Indícios
"Os fatos narrados nos possibilita verificar indícios razoáveis de
participação dos réus na prática
de improbidade administrativa",
diz a juíza Adverci em uma das
decisões.
As ações preparadas pelo Ministério Público foram elaboradas
a partir de reportagem da Folha
que revelou a irregularidade no
ano passado. São 15 ações ao todo
e a expectativa dos procuradores
da República Luciano Sampaio
Gomes Rolim e Ronaldo Pinheiro
de Queiroz é a de que todas também resultem em liminares com
bloqueio de bens.
A indisponibilidade perdurará
até decisão contrária da Justiça ou
o julgamento do mérito, que decidirá se haverá ou não necessidade
de ressarcimento aos cofres públicos. Nas três ações em que a Justiça já concedeu a liminar, o cálculo
do prejuízo feito pelo Ministério
Público é de R$ 503 mil.
Além de ser réu nas 15 ações,
Nogueira foi denunciado criminalmente ao STF (Supremo Tribunal Federal) por prevaricação,
ou seja, "retardar ou deixar de
praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".
Ocupação irregular
Os três políticos que também tiveram os bens declarados indisponíveis são Damião Feliciano
(PB), Lino Rossi (MT) e Ary Kara
(SP). Entre os outros ex-deputados que também respondem aos
processos estão os cartolas do futebol Eurico Miranda, presidente
do Vasco, e Zezé Perrella, vice-presidente do Cruzeiro.
Estudo encomendado pelo Ministério Público avalia em R$ 2,9
milhões o valor da taxa de ocupação, multa e gastos com telefones
e energia que a Câmara teve que
bancar. As ocupações irregulares
se perpetuaram, em média, por
um ano e meio.
Em caso de condenação, as punições por improbidade englobam ressarcimento do dano causado, perda de função pública,
suspensão de direitos políticos e
pagamento de multa.
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