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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em encontro amigável, prefeito repete governador e diz que presidente Lula é o anti-Juscelino por fazer cinco anos em 50
Serra silencia sobre sua candidatura e faz elogio a Alckmin
LAURA CAPRIGLIONE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi cordial e amigável o reencontro dos dois tucanos que disputam nos bastidores a indicação
do PSDB para se candidatarem à
Presidência, durante cerimônia
de ampliação do bilhete único de
ônibus e metrô na estação Barra
Funda (zona oeste de São Paulo).
O prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin fizeram
questão de ressaltar o trabalho em
conjunto que vêm realizando.
Serra disse que a parceria do bilhete único é a mais importante e
a mais simbólica. "Só tenho palavras de agradecimento ao nosso
governador", afirmou.
O prefeito aproveitou a ocasião
para criticar o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), dizendo
que o petista parecia o anti-Juscelino Kubitschek (presidente cujo
slogan de governo era "50 anos
em 5"). "Na verdade, [Lula faz] 5
anos em 50 nessa lentidão", ironizou Serra.
A expressão "anti-Juscelino" foi
cunhada por Alckmin na sexta-feira, quando o governador criticou entrevista dada por Lula à revista "The Economist", na qual o
petista afirmou: "Não estamos
com pressa para fazer a economia
decolar imediatamente".
A última vez que Serra e Alckmin haviam se encontrado foi no
sambódromo de São Paulo durante o sábado de Carnaval. O clima, na ocasião, foi tenso, e os dois
mal se cumprimentaram.
Ontem, ao contrário, ambos se
abraçaram diversas vezes, contaram piadas e chegaram a manter
uma rápida reunião reservada em
um escritório do metrô.
Alckmin chegou a brincar com
a rivalidade dos dois em relação
aos times de futebol. "Eu e o prefeito estamos em posições diametralmente opostas... no jogo de
amanhã [hoje] entre o Santos e o
Palmeiras", disse. Serra é palmeirense, e Alckmin, santista.
O clima de cordialidade, no entanto, não conseguia abafar a ansiedade que existe em torno da
definição do candidato tucano na
disputa à Presidência.
Assessores próximos de Alckmin e Serra diziam aguardar uma
definição nos próximos dias. O
próprio prefeito afirmou que a
decisão será tomada "no tempo
adequado".
A semana
Serra passou o Carnaval em
Buenos Aires. Já Alckmin manteve sua agenda de eventos públicos
e continuou a pressionar o prefeito, ainda que nos bastidores, a tomar uma posição em relação à
eleição. Reafirmou, por exemplo,
que deixará o governo paulista no
dia 31 de março independentemente da decisão do PSDB.
Se fizer isso, entregará a cadeira
para seu vice, o pefelista Cláudio
Lembo. Caso Serra também abra
mão do cargo para disputar a eleição, o PFL de Lembo e do vice-prefeito, Gilberto Kassab, estará à
frente da prefeitura e do governo
de São Paulo.
O presidente do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE), manifestou
a interlocutores durante a semana
sua irritação com a demora de
Serra em se decidir. Teme aumentar as fissuras internas no partido.
Amanhã, Tasso, Serra e Alckmin vão se encontrar em uma homenagem ao governador Mário Covas, morto há cinco anos.
Tasso cobrará uma decisão do
prefeito. Mas aliados de Serra dizem que ele pretende resistir à
pressão e esticar ao máximo o
prazo para anunciar sua decisão.
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