São Paulo, domingo, 05 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Em encontro amigável, prefeito repete governador e diz que presidente Lula é o anti-Juscelino por fazer cinco anos em 50

Serra silencia sobre sua candidatura e faz elogio a Alckmin

LAURA CAPRIGLIONE
FABIO SCHIVARTCHE

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi cordial e amigável o reencontro dos dois tucanos que disputam nos bastidores a indicação do PSDB para se candidatarem à Presidência, durante cerimônia de ampliação do bilhete único de ônibus e metrô na estação Barra Funda (zona oeste de São Paulo).
O prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin fizeram questão de ressaltar o trabalho em conjunto que vêm realizando. Serra disse que a parceria do bilhete único é a mais importante e a mais simbólica. "Só tenho palavras de agradecimento ao nosso governador", afirmou.
O prefeito aproveitou a ocasião para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dizendo que o petista parecia o anti-Juscelino Kubitschek (presidente cujo slogan de governo era "50 anos em 5"). "Na verdade, [Lula faz] 5 anos em 50 nessa lentidão", ironizou Serra.
A expressão "anti-Juscelino" foi cunhada por Alckmin na sexta-feira, quando o governador criticou entrevista dada por Lula à revista "The Economist", na qual o petista afirmou: "Não estamos com pressa para fazer a economia decolar imediatamente".
A última vez que Serra e Alckmin haviam se encontrado foi no sambódromo de São Paulo durante o sábado de Carnaval. O clima, na ocasião, foi tenso, e os dois mal se cumprimentaram.
Ontem, ao contrário, ambos se abraçaram diversas vezes, contaram piadas e chegaram a manter uma rápida reunião reservada em um escritório do metrô.
Alckmin chegou a brincar com a rivalidade dos dois em relação aos times de futebol. "Eu e o prefeito estamos em posições diametralmente opostas... no jogo de amanhã [hoje] entre o Santos e o Palmeiras", disse. Serra é palmeirense, e Alckmin, santista.
O clima de cordialidade, no entanto, não conseguia abafar a ansiedade que existe em torno da definição do candidato tucano na disputa à Presidência.
Assessores próximos de Alckmin e Serra diziam aguardar uma definição nos próximos dias. O próprio prefeito afirmou que a decisão será tomada "no tempo adequado".

A semana
Serra passou o Carnaval em Buenos Aires. Já Alckmin manteve sua agenda de eventos públicos e continuou a pressionar o prefeito, ainda que nos bastidores, a tomar uma posição em relação à eleição. Reafirmou, por exemplo, que deixará o governo paulista no dia 31 de março independentemente da decisão do PSDB.
Se fizer isso, entregará a cadeira para seu vice, o pefelista Cláudio Lembo. Caso Serra também abra mão do cargo para disputar a eleição, o PFL de Lembo e do vice-prefeito, Gilberto Kassab, estará à frente da prefeitura e do governo de São Paulo.
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), manifestou a interlocutores durante a semana sua irritação com a demora de Serra em se decidir. Teme aumentar as fissuras internas no partido.
Amanhã, Tasso, Serra e Alckmin vão se encontrar em uma homenagem ao governador Mário Covas, morto há cinco anos.
Tasso cobrará uma decisão do prefeito. Mas aliados de Serra dizem que ele pretende resistir à pressão e esticar ao máximo o prazo para anunciar sua decisão.


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