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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS CORREIOS
Reportagem publicada na revista "Veja" traz três novas acusações envolvendo "mensalão"
Sub-relator quer prorrogar CPI e apurar novas denúncias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sub-relator da CPI dos Correios, o deputado Eduardo Paes
(PSDB-RJ) afirmou ontem que
pedirá a prorrogação da comissão
para investigar novas denúncias
do escândalo do "mensalão", publicadas ontem pela revista "Veja". A CPI deve encerrar seus trabalhos em abril. Outro sub-relator da comissão, Maurício Rands
(PT-PE), disse que a prorrogação
é discutível, mas vê a medida com
"cautela porque o país não pode
se preocupar tanto com CPI".
A revista apresentou três novas
acusações, que reproduzem informações não confirmadas que
circulam em Brasília. A primeira,
de que o "mensalão", a compra de
apoio para o governo, atingia 55
dos 81 deputados peemedebistas.
Não há provas documentais.
A segunda, supostamente revelando mais uma fonte de recursos
para o caixa dois dos aliados do
governo, dessa vez na usina de
Itaipu, com uma propina de US$
6 milhões. A terceira, de que o
apresentador Carlos Massa, o Ratinho, recebeu dinheiro para elogiar o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e a ex-prefeita Marta Suplicy na campanha de 2002.
Todos os acusados que a Folha
conseguiu contatar ontem negam
o teor da reportagem da revista. A
diretoria de Itaipu classificou as
acusações de "ardilosas e sem
fundamento" e afirmou que vai
recorrer à Justiça.
O publicitário Marcos Valério,
acusado de fazer chantagem com
peemedebistas para buscar proteção na CPI, também negou por
meio de seu advogado que mantenha contato com políticos. Valério é o principal acusado de ser o
operador do "mensalão".
Ontem, Paes afirmou que pode
até ser criada uma nova CPI para
investigar as acusações envolvendo Itaipu e outra empresa do setor elétrico, Furnas, que já é alvo
de outras denúncias.
"Não podemos terminar a CPI
deixando de esclarecer todos os
assuntos. Pelo que eu entendi, esse esquema de Itaipu ocorreu
dentro do "valerioduto". Ou se
prorroga a CPI dos Correios ou se
forma outra comissão para apurar as novas denúncias", afirmou.
As acusações
De acordo com a "Veja", o advogado Roberto Bertholdo, do
Paraná, era o operador do "mensalão" na bancada do PMDB. Ele
seria ligado ao deputado José Borba (PMDB-PR), que renunciou
por envolvimento no "mensalão". Bertholdo está detido e não
foi localizado.
A revista cita uma única fonte,
um ex-assessor de Bertholdo que
se mantém no anonimato, para
afirmar que 55 dos 81 deputados
do partido recebiam uma mesada
de R$ 15 mil a R$ 200 mil.
O número é muito superior ao
total de congressistas envolvidos
no escândalo até agora. Atualmente, 19 deputados foram acusados de envolvimento com o
"mensalão".
No campo da propina, a revista
afirma ter obtido uma gravação
de 2004 em que Bertholdo conta a
um ex-sócio, Sérgio Renato Costa
Filho, ter descoberto que o diretor-geral de Itaipu, o petista Jorge
Samek, cobrou US$ 6 milhões
de propina da empresa Voith
Siemens.
Na transcrição, Bertholdo diz
que "vai dar uma ferrada no Samek", por ter cobrado a suposta
propina sem dividi-la com o
PMDB. De acordo com o advogado, o valor foi pago para que a
Voith Siemens fosse livrada de
uma multa muito maior, de US$
200 milhões. Na verdade, o contrato descumprido tem valor total
de US$ 184,3 milhões, e a multa
pode chegar a 10% disso -US$
18,4 milhões.
A empresa alemã atrasou o cronograma de um contrato e já pagou uma multa de US$ 2,6 milhões. Agora, como atrasou novamente, está sujeita a uma nova
multa, de mais US$ 15,8 milhões.
Segundo nota de Itaipu ontem, o
valor será cobrado.
A Folha procurou ontem a
Voith Siemens, por meio do telefone da assessoria que consta do
site da empresa, mas não conseguiu ouvir a companhia.
Samek é amigo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, e ontem
estava passando o sábado na
Granja do Torto.
Outro lado
O advogado do publicitário
Marcos Valério, Marcelo Leonardo, afirmou que "as informações
[publicadas pela "Veja'] não procedem". Segundo ele, seu cliente
não está fazendo nenhum tipo de
chantagem, tampouco tem mantido contato com congressistas.
"Ele não tem conversado com
ninguém, não tem dado entrevistas, não tem tido esse tipo de contatos. Ele está concentrado nas
suas empresas e na sua defesa",
afirmou o advogado.
Procurado, o ex-deputado José
Borba (PMDB-PR) também negou a acusação de que 55 integrantes da bancada peemedebista
na Câmara teriam recebido
"mensalão". "Não procede nenhuma dessas colocações. Felizmente, nossa bancada está fora de
tudo isso", afirmou Borba.
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