São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2000


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REAÇÃO
"Se entraram na casa do secretário, entraram na minha", disse prefeito, que se classificou de 'carente"
Pitta critica apuração sobre Meinberg

da Reportagem Local


O prefeito Celso Pitta (PTN) se solidarizou publicamente ontem com seu secretário municipal do Governo, Carlos Augusto Meinberg, cujo gabinete e casa foram revirados na sexta-feira da semana passada por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado).
Ao falar sobre o episódio, Pitta voltou a criticar a ação do Ministério Público e foi além em sua solidariedade. "Quero deixar bem claro que a ofensa ao secretário do Governo foi diretamente a mim", afirmou o prefeito.
"Ao entrarem na casa do secretário do Governo, entraram na minha casa; ao remexerem o armário do secretário e suas peças íntimas, eles mexeram no armário da minha casa". Pitta disse que "vai levar adiante esse protesto às autoridades porque isso não se verificou nem sequer no ápice do governo militar".
Para o prefeito, a busca e apreensão na casa de Meinberg "é uma truculência inexplicável, cuja justificativa, se foi uma carta anônima, é uma vergonha para o Ministério Público".
Pitta também afirmou que está ""carente". ""Nestes três anos não se registrou perseguição maior que esta que estou sofrendo. Na minha vida pessoal, estou carente, mas não deixarei de trabalhar pelo bem da cidade."
As declarações do prefeito foram feitas após a inauguração do piscinão Rio das Pedras, na Freguesia do Ó, zona norte. Na Câmara, os vereadores acreditam que a lista apócrifa a qual o prefeito se referiu, e que traz sete vereadores que receberiam mesadas do Executivo, teve como objetivo ""fritar" o secretário do Governo.
Os vereadores estão convencidos de que a divulgação da lista partiu de pessoas próximas a Pitta. A intenção da divulgação, segundo esses vereadores, seria colocar vários parlamentares sob suspeita, inclusive os da oposição, e, com isso, forçá-los a enterrar o pedido de impeachment protocolado na Câmara pela OAB.
Um interlocutor do prefeito, que pediu para não ser identificado, disse que as declarações de Pitta ontem reforçam a tese de que Meinberg estaria sendo ""fritado" para preservar o prefeito.
"Querem criar um clima de animosidade entre o Executivo e o Legislativo, mas não vão conseguir", disse Pitta.
Ontem, o vereador Miguel Colasuonno (PMDB), que acompanhou Pitta na entrega do piscinão, disse em discurso para cerca de cem pessoas que acompanharam o evento, que "as pessoas têm de ler e ouvir com bastante atenção o que se tem divulgado a respeito do processo de impeachment".
Pitta disse que não teme a investigação do Ministério Público sobre a hipotética sonegação fiscal que poderia ter sido praticada por ele ou sua ex-mulher. E questionou a ex-primeira-dama Nicéa Pitta sobre suas declarações de que os R$ 150 mil que teria recebido para prestar assessoria na compra de objetos de arte para o empresário Jorge Yunes não passou de uma armação.
"Em que devemos acreditar na dona Nicéa? Uma hora ela diz uma coisa e, em outra, muda de opinião". Pitta disse que sua declaração de renda era feita separadamente da de sua ex-mulher.
Ontem, moradores de prédios em frente ao local onde acontecia a inauguração do piscinão vaiaram o prefeito e Colasuonno. Por causa das vaias, o protocolo foi alterado. Pitta teria de atravessar uma ponte para descerrar a placa inaugural da obra, mas foi aconselhado por assessores a não fazê-lo. Coube aos operários da obra executar o protocolo.


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