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Documento encampa idéia de fundo contra miséria
do Conselho Editorial
Por mera coincidência, o relatório da ONU sobre a pobreza encampa a proposta de Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), presidente do Senado, para a criação
de um fundo de combate à pobreza no país.
Entre os planos nacionais contra a pobreza recomendados pelo
texto, figura "a criação de um fundo especial para a redução da pobreza", que "pode contribuir para
melhorar a contabilidade financeira, a coordenação e a mobilização de recursos".
O fundo contra a pobreza é um
dos temas que colocou o senador
baiano em rota de colisão com o
governo Fernando Henrique.
Mas a ONU também cita um
ponto caro ao PT, ao dizer que "é
preciso atacar diretamente as fontes da desigualdade, como a distribuição desigual da terra".
O relatório lamenta que menos
de um terço dos países do mundo
fixou objetivos para erradicar a
pobreza extrema ou reduzir substancialmente a pobreza geral, embora todos tivessem se comprometido a fazê-lo até 2005, durante
a Cúpula para o Desenvolvimento
Social, realizada em 1995 em Copenhague (Dinamarca).
Diz o relatório que "uma importante deficiência dos atuais
planos contra a pobreza é a falta
de objetivos e metas alcançáveis,
com prazos definidos".
O Brasil é um dos países que
ainda está devendo uma avaliação
abrangente de seus planos para
alcançar as metas de erradicar a
indigência e reduzir a pobreza.
O relatório da ONU dá muita
ênfase à necessidade de transferir
aos governos locais (municipais,
no caso do Brasil) uma parte importante dos programas de combate à pobreza. Diz o texto: "As
campanhas contra a pobreza com
frequência passaram por cima e
desconheceram o governo local, o
que afetou sua eficácia para beneficiar os pobres".
No relatório dos dois economistas da PUC-RJ sobre o Brasil, no
entanto, destaca-se o fato de que o
Comunidade Solidária, principal
programa de combate à pobreza
no país, ter feito parceiras levando
em conta não só os governos municipais, mas também a comunidade local.
Mas o texto diz também que
ainda é cedo para uma avaliação
abrangente dos resultados do Comunidade Solidária.
Já o relatório da ONU afirma ser
"necessário formular uma nova
estratégia mundial contra a pobreza, com mais recursos e com
um compromisso mais decidido,
com base nos compromissos assumidos na Cúpula Social de
1995".
O texto defende também uma
abrangência muito maior dos
programas contra a pobreza.
"A limitação dos programas
contra a pobreza a um conjunto
de projetos em pequena escala
-com frequência descoordenados- não constitui um uso efetivo dos recursos. É necessário usar
um método mais estratégico", diz
o documento do Pnud.
Em seguida, afirma que "muitos
(dos programas) necessitam não
apenas de mais financiamento
mas também de melhor coordenação de ministérios governamentais com suficiente poder. É
também essencial a participação
ativa da sociedade civil e do setor
privado em uma ampla frente
unida contra a pobreza".
(CR)
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