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Empresário detalha à polícia caixa 2 em eleição no Amapá
Nivaldo Aranha da Silva diz que fraudou venda de remédios para beneficiar governador
Esquema teria envolvido secretários de Waldez Góes e agentes públicos; empresa diz ter recebido R$ 1 milhão e dado R$ 600 mil de caixa 2
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACAPÁ
Depoimento do empresário
Nivaldo Aranha da Silva, 45,
proprietário da Globo Distribuidora de Medicamentos, envolve o governo do Amapá em
um esquema de caixa dois na
última campanha, em que o governador Waldez Góes (PDT)
foi reeleito. Silva afirma ainda,
no depoimento à Polícia Federal, que entregou "pessoalmente" propina aos deputados federais Jurandil Juarez (PMDB)
e Sebastião Rocha (PDT).
Silva é um dos principais envolvidos no esquema de fraudes na compra de medicamentos pela Secretaria de Saúde do
Amapá, que, segundo a PF, provocou prejuízos de mais de R$
20 milhões aos cofres públicos.
A PF prendeu 25 pessoas envolvidas no esquema -inclusive dois ex-secretários de Saúde- na chamada Operação Antídoto, deflagrada em duas etapas, nos dias 22 e 27 de março.
Os inquéritos na PF de Macapá correm em segredo de Justiça. A Folha, porém, obteve cópia do depoimento de Nivaldo
Aranha da Silva, prestado no
último dia 23 de março, um dia
após sua prisão.
No depoimento, o empresário aponta sua participação no
esquema de caixa dois do governo e relaciona como envolvidos agentes públicos, secretários do governo Waldez Góes
e os dois deputados, para os
quais teria pago propina em dinheiro para conseguir vencer
licitações. Ele cita ainda outras
empresas do setor que também
participavam das fraudes.
Silva narra que, em setembro
de 2006, foi procurado pelo então chefe de Gabinete da Secretaria de Saúde do Amapá, José
Gregório Ribeiro de Farias, para participar de um esquema
de pagamentos fictícios com o
objetivo de liberar cerca de R$
2 milhões para a campanha do
PDT e de partidos coligados.
O esquema consistia em sua
empresa, a Globo Distribuidora , receber um pagamento de
R$ 1 milhão como se tivesse
vendido medicamentos ao governo. Desse valor, ele diz que
devolveu cerca de R$ 600 mil,
em dinheiro, para o caixa dois
da campanha do PDT.
O R$ 1 milhão, segundo Silva,
foi depositado na conta-corrente 14.931-4 da Globo Distribuidora, na agência 4544-6 do
Banco do Brasil, em Macapá.
Os R$ 600 mil foram entregues, parceladamente, para Farias entre o final de setembro e
o início de outubro de 2006.
Ainda de acordo com Silva, o
mesmo esquema foi feito com
o dono da JR Hospitalar, Aparício Couto Júnior. Segundo
Silva, Couto Júnior, no entanto, não teria cumprido o acerto
com Farias e teria fugido com
cerca de R$ 1 milhão. Couto Júnior foi preso, na primeira fase
da Operação Antídoto, em Belém (PA). Ontem, nem ele nem
seu advogado foram localizados pela reportagem.
Na campanha de 2002,
quando Góes foi eleito pela primeira vez, Nivaldo Silva havia
feito depósito de R$ 100 mil para a campanha do pedetista.
Comprovante do depósito foi
entregue por ele à PF.
No depoimento, Nivaldo
Aranha da Silva relata que pagou R$ 100 mil "pessoalmente"
ao ex- secretário de Planejamento e Orçamento, eleito deputado federal, Jurandil Juarez (PMDB). Já os pagamentos
para o deputado federal Sebastião Rocha (PDT) teriam acontecido no período entre 2003 e
2004, quando Rocha era Secretário de Saúde do Amapá.
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