São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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CRISE TUCANA

Conduta de FHC e ministros será investigada

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal vai investigar se houve improbidade administrativa na conduta do presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro Paulo Renato Souza (Educação) e do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros.
À luz do direito penal, a improbidade guarda paralelo com a prevaricação. Mas, nesse caso, uma investigação sobre FHC e Paulo Renato só poderia ser feita pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Segundo o procurador Luiz Francisco de Souza, FHC, Paulo Renato e Mendonça de Barros tiveram notícia de um crime e nada fizeram acerca disso. "Não importa -e não vou entrar nesse mérito- se houve pagamento de propina. Houve o pedido do dinheiro, que é crime. Depois, eles souberam e se calaram", afirmou.
A investigação será aberta por conta da reportagem publicada ontem pela revista "Veja". Segundo relatos da publicação, Paulo Renato e Mendonça de Barros teriam ouvido do empresário Benjamin Steinbruch, que comprou a Companhia Vale do Rio Doce, que o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira teria pedido a ele R$ 15 milhões para reunir em seu benefício o poder financeiro dos fundos de pensão na privatização.
Ricardo Sérgio e o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, que já são investigados pela Procuradoria, agora terão sua conduta analisada em um novo procedimento, cujo alvo é avaliar se eles cometeram crime de corrupção ativa.
Segundo Luiz Francisco, os relatos apresentados na revista sugerem que EJ seria o braço político da manipulação dos fundos, enquanto Ricardo Sérgio operaria as manobras financeiras para favorecer determinados negócios.
"Isso reforça a nulidade da privatização da Vale e das telefônicas e reforça as investigações sobre a atuação de Ricardo Sérgio e EJ nesses negócios e nas arrecadações de caixas dois para campanhas políticas e agora com o conhecimento do tucanato", diz.
Ricardo Sérgio é apresentado pela reportagem como arrecadador de fundos para as campanhas de José Serra e FHC.
Na semana passada, Luiz Francisco recebeu um dossiê intitulado "Os Porões da Privatização", que enumera quais seriam as principais irregularidades nas privatizações. O conjunto foi entregue ao procurador por um emissário do banco Opportunity.


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