São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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OUTRO LADO

Ao sentenciar, não havia nada contra perito, diz Saraiva

DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz federal Marcelo Mesquita Saraiva diz que, na época de sua decisão baseada na perícia de Antonio Carlos Suplicy, não havia acusações contra o perito. "Quando eu dei a sentença, ele não era acusado de nada", diz. Ele diz que esse foi o único caso que decidiu com base em laudo de Suplicy.
"Na sentença, eu reconheço a cobertura vegetal. Não estava em vigor a lei determinando que a cobertura vegetal não seria indenizável", diz o juiz.
"O laudo apontava que havia madeira nobre, e eu o acolhi. O laudo, com certeza, foi preciso quanto à metragem da área, plantações etc. Os laudos dele, diga-se de passagem, eram bem feitos, precisos. E havia o laudo do engenheiro florestal."
Sobre ter afirmado que a propriedade estava "aparentemente" em área abrangida pelo parque na serra da Bocaina, Saraiva diz que essa expressão ficaria superada, mais adiante, na própria sentença.
O engenheiro agrônomo Miguel Antunes Valente, 58, diz não ser amigo de Suplicy, a quem conheceu "por intermédio de uma terceira pessoa".
"Ele me pediu para fazer o levantamento da cobertura florestal e forneceu uma planta topográfica. Estive lá, fiz a amostragem, com tecnologia de fotografia aérea. Fiz a pesquisa e o relatório florestal. Depois disso, nunca mais tive contato [com Suplicy". Desconheço as contestações ao laudo", diz.
O engenheiro diz que esta foi a sua única perícia judicial. "Participo de outras atividades, trabalho com ambiente, faço laudos", diz. "O que eu fiz foi dentro da tecnologia conhecida na época. Estou tranquilo em relação a isso", diz.
Valente diz que não houve sobrevôo da área. "Você localiza a área pela rede hidrográfica, pela estrada. No mapa do IBGE, a propriedade está nomeada. Não há dificuldade", diz.
Ele diz que a área poderá ter exploração econômica se houver projeto de manejo aprovado pelo Ibama. "É perfeitamente legal", afirma Valente.
Sobre a compatibilidade da indenização, diz que os cálculos podem estar afetados pelas mudanças de moeda e correções no período. "Mas, pela raridade de algumas das espécies na região, se houvesse projeto de manejo autorizado, e, principalmente, porque a região está próxima do mercado consumidor de alto poder aquisitivo, [a indenização] não estaria muito fora de padrão", diz.
O advogado Luiz Roberto de Arruda Sampaio foi procurado pela Folha, na última semana. Na sexta-feira, sua secretária informou que ele estava "ausente, fazendo exames de rotina". A Folha deixou gravação no celular dos juízes Casem Mazloum e Theotonio Costa, e telefonou para o gabinete de Roberto Haddad, mas não conseguiu falar com os magistrados. Também não localizou Antonio Carlos Suplicy. (FV)



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