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OUTRO LADO
Ao sentenciar, não havia nada contra perito, diz Saraiva
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal Marcelo Mesquita Saraiva diz que, na época
de sua decisão baseada na perícia de Antonio Carlos Suplicy,
não havia acusações contra o
perito. "Quando eu dei a sentença, ele não era acusado de
nada", diz. Ele diz que esse foi o
único caso que decidiu com base em laudo de Suplicy.
"Na sentença, eu reconheço a
cobertura vegetal. Não estava
em vigor a lei determinando
que a cobertura vegetal não seria indenizável", diz o juiz.
"O laudo apontava que havia
madeira nobre, e eu o acolhi. O
laudo, com certeza, foi preciso
quanto à metragem da área,
plantações etc. Os laudos dele,
diga-se de passagem, eram
bem feitos, precisos. E havia o
laudo do engenheiro florestal."
Sobre ter afirmado que a propriedade estava "aparentemente" em área abrangida pelo
parque na serra da Bocaina, Saraiva diz que essa expressão ficaria superada, mais adiante,
na própria sentença.
O engenheiro agrônomo Miguel Antunes Valente, 58, diz
não ser amigo de Suplicy, a
quem conheceu "por intermédio de uma terceira pessoa".
"Ele me pediu para fazer o levantamento da cobertura florestal e forneceu uma planta topográfica. Estive lá, fiz a amostragem, com tecnologia de fotografia aérea. Fiz a pesquisa e
o relatório florestal. Depois disso, nunca mais tive contato
[com Suplicy". Desconheço as
contestações ao laudo", diz.
O engenheiro diz que esta foi
a sua única perícia judicial.
"Participo de outras atividades,
trabalho com ambiente, faço
laudos", diz. "O que eu fiz foi
dentro da tecnologia conhecida na época. Estou tranquilo
em relação a isso", diz.
Valente diz que não houve
sobrevôo da área. "Você localiza a área pela rede hidrográfica,
pela estrada. No mapa do IBGE, a propriedade está nomeada. Não há dificuldade", diz.
Ele diz que a área poderá ter
exploração econômica se houver projeto de manejo aprovado pelo Ibama. "É perfeitamente legal", afirma Valente.
Sobre a compatibilidade da
indenização, diz que os cálculos podem estar afetados pelas
mudanças de moeda e correções no período. "Mas, pela raridade de algumas das espécies
na região, se houvesse projeto
de manejo autorizado, e, principalmente, porque a região está próxima do mercado consumidor de alto poder aquisitivo,
[a indenização] não estaria
muito fora de padrão", diz.
O advogado Luiz Roberto de
Arruda Sampaio foi procurado
pela Folha, na última semana.
Na sexta-feira, sua secretária
informou que ele estava "ausente, fazendo exames de rotina". A Folha deixou gravação
no celular dos juízes Casem
Mazloum e Theotonio Costa, e
telefonou para o gabinete de
Roberto Haddad, mas não conseguiu falar com os magistrados. Também não localizou
Antonio Carlos Suplicy.
(FV)
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