São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Tentando

Ao vivo da Globo News à CNN em espanhol e aos portais brasileiros, os quatro sul-americanos apareceram lado a lado na entrevista coletiva.
No "Jornal Nacional", depois, "o presidente Lula mudou o tom" sobre a suspensão dos investimentos da Petrobras.
No ar, na verdade, Lula enrolou sobre os investimentos, enquanto Evo Morales se contorcia para ouvir o tradutor:
- É decisão de uma empresa que tem autonomia para investir e vai continuar investindo no estrangeiro, inclusive na Bolívia, de acordo com os acordos que possa ter entre o governo da Bolívia e o governo brasileiro.
Quer dizer, nada "efetivamente", na expressão da CNN. Nem quanto aos investimentos na Bolívia nem quanto aos preços do gás para Brasil e Argentina.
Na manchete on-line do argentino "La Nación", "Acordo para discutir preço equitativo de gás". Acordo para discutir...
O mais preciso talvez seja o enunciado bastante genérico -e no gerúndio- da página inicial do "New York Times":
- Tentando evitar uma crise em torno da iniciativa boliviana.
 
Para registro, da CNN ao "Washington Post", a cobertura nos EUA sublinha que, "no momento, Brasil e Argentina estão pagando um preço muito inferior aos preços internacionais".
No dizer do "WP", mais preciso, "os preços pagos à Bolívia pelo gás natural são a metade dos preços pagos nos EUA".
 
Da BBC ao "New York Times" e ao "Wall Street Journal", ecoou "o temporal de críticas" da mídia do Brasil, em especial da televisão, segundo a BBC, à "resposta suave" de Lula.

AS GUERRAS DE ENERGIA

nytimes.com/Reprodução
Ao lado da foto dos sul-americanos, a manchete era para as críticas de Cheney à "chantagem" da Rússia


Embora a "photo-op" dos quatro ganhasse destaque nas páginas iniciais, não foi a Bolívia que fez manchetes de ontem, do NYT.com ao FT.com, mas a Rússia.
São "as guerras de energia", na chamada de capa da "Economist". Segundo o editorial, "o erro de cálculo dos bolivianos e venezuelanos é similar ao dos russos". É que Vladimir Putin vem ameaçando Europa e EUA de forma semelhante, com a sombra de seu petróleo -e com uma perspectiva de desastre similar para a economia.
 
No meio da reportagem sobre a Bolívia, a "Economist" registrou, sob o intertítulo "Venezuela 1, Brasil 0":
- A nacionalização pareceu uma vitória dos planos regionais de Hugo Chávez e uma derrota daqueles do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
 
"WP", "Financial Times" e outros vêm anunciando que, com as ações na Bolívia e na Venezuela, "vai ficar bem mais difícil para os moderados que vêm advogando uma política externa pragmática" nos EUA.
Não por coincidência, o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda escreveu num artigo para o "NYT" de ontem, sob o título "Política de bom vizinho", que o candidato Andrés López Obrador "claramente pertence à esquerda errada" de Chávez, Evo Morales etc. E não aos "líderes progressistas de Brasil, Chile e Uruguai, ideologicamente tolerantes e internacionalmente de mente aberta".

Em Uberaba
Do "Jornal Nacional", ontem:
- O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, visitou uma exposição agropecuária em Uberaba, em Minas.
Foi para uma "photo-op" ao lado de Aécio Neves, mas este não deu um sorriso. E Alckmin "defendeu a redução das taxas de juros" e levar o "câmbio mais para o ponto do equilíbrio".

Não empolga
Do blog Primeira Leitura, sobre a pesquisa Setcesp/Ibope:
- A campanha de Alckmin simplesmente não empolga.
Nem mesmo o PSDB, segundo a nota, "conseguiu se unificar em torno de sua candidatura.

Na Bahia
ACM deu entrevista ao blog de Josias de Souza e cobrou aliança "imediatamente" com o PSDB, após obter o apoio incondicional de Alckmin ao PFL baiano:
- Cada dia de demora [na aliança] produz mais desgaste.
Em telefonema ao blog de Ricardo Noblat, horas depois de ACM, o tucano Jutahy Jr. negou a possibilidade de "entendimento" tucano-pefelista na Bahia.

Fome
A Band -sempre ela- leva a sério a greve de Garotinho. Ontem à noite, abriu longamente as câmeras para Rosinha falar.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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