da Agência Folha, em Fortaleza


A visita do presidente Fernando Henrique Cardoso ontem ao Ceará coincidiu com a ocorrência de saques por flagelados da seca em cinco municípios e manifestações de rua em outros quatro.
Desde o início do ano, ontem foi o dia em que mais ocorreram saques no Estado.
Até então, houve saques em quatro cidades e manifestações em outras 36. Nenhum dos saqueadores foi preso até agora.
Os saques e manifestações ocorreram nos municípios de Tauá (sertão dos Inhamuns), Acopiara (sertão central), Nova Russas (região oeste do Estado), Taboleiro do Norte (vale do Jaguaribe) e Senador Sá (sertão central).
Já as manifestações de rua ocorreram nas cidades de Miraíma, Lavras da Mangabeira, Morrinhos e Itapiúna.
A pauta de reivindicações era comum em todas as cidades: abertura de mais vagas em frentes de trabalho, distribuição de água, alimentos e medidas de combate à seca.
O clima esteve mais tenso em Tauá. Logo pela manhã, cerca de 200 pessoas interditaram a BR-020 na altura do distrito de Bom Jesus e instituíram o chamado "pedágio da fome". Todos os caminhões com carga eram parados e obrigados a doar alimentos.
Essa modalidade de pedágio já havia sido adotada havia 15 dias e terminou com um saque a um caminhão carregado de farinha que se recusou a fazer a doação.
Ao mesmo tempo em que acontecia o "pedágio da fome", outras 400 pessoas invadiram o depósito da merenda escolar na sede do município e levaram cerca de cinco toneladas de alimentos.
Em Nova Russas, Acopiara e Senador Sá, os saques de cerca de dez toneladas de alimentos ocorreram nos depósitos de merenda escolar. A operação envolveu cerca 1.200 pessoas.
Em Taboleiro do Norte, cerca de mil manifestantes ocuparam a cidade e saquearam parcialmente o comércio local.



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