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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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SINDICATO E ESTADO

Ministério do Trabalho assegurava influência dos presidentes junto aos líderes sindicais

Getúlio também flertou com sindicatos

1.mai.1942/Iconographia C-168
Pôster de Getúlio é carregado em São Januário, no 1º de Maio


DA REDAÇÃO

Antes de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outros dois presidentes tiveram vínculos estreitos com o movimento sindical: Getúlio Vargas (1883-1954) e João Goulart (1918-1976). Diferentemente de Lula, nenhum deles fez carreira como líder sindical, mas ambos se destacaram pela concessão de direitos trabalhistas.
Tanto Getúlio como Jango tiveram suas gestões encerradas por graves crises políticas. Vargas foi deposto em 1945, quando tentava se manter no poder mediante manifestações operárias (o movimento "queremista").
Voltou ao poder em 1951, mas se suicidou em agosto de 1954, após uma crise iniciada pela reação militar ao aumento do salário mínimo, seguida pela tentativa de assassinato de um opositor (Carlos Lacerda) por seus auxiliares. Já Goulart, seu herdeiro político, foi deposto em março de 1964, após anunciar uma gigantesca reforma agrária.
Naquela época, porém, os sindicalistas estavam subordinados ao Ministério do Trabalho, que não apenas garantia seu sustento (por meio do imposto sindical) como podia afastá-los a qualquer instante. A subserviência dos sindicalistas deu outro significado ao termo "pelego" -que, além de se referir à pele de carneiro que aliviava o impacto entre cavaleiro e cavalo, passou a ser usado para designar os sindicalistas que se dedicavam a "amortecer" conflitos entre patrões e empregados.
Essa estrutura foi montada por Vargas em seu primeiro governo (1930-1945), no qual ele concedeu diversos direitos trabalhistas em troca do apoio dos trabalhadores ao governo, empenhado em promover a industrialização do país. A máquina do Ministério do Trabalho constituiu a base do Partido Trabalhista Brasileiro, pelo qual Vargas foi eleito presidente em 1950.
O PTB surgiu como um partido social-democrata às avessas: a agremiação não foi criada pelas lideranças operárias, mas pelo aparelho estatal encarregado de controlar essas lideranças. A máquina sindical funcionou relativamente bem enquanto o governo concedia aumentos salariais, mas entrou em colapso quando se tentou estender a legislação trabalhista ao campo.
Após o movimento de 1964, o governo comprimiu os salários e afastou os dirigentes do PTB. Em oposição aos "pelegos", surgiu uma corrente sindical mais "independente", integrada por Lula, que forneceu a base para a criação do PT, em 1980. O novo sindicalismo explica o declínio do PTB e do PDT, que não conseguiram reconquistar sua posição no movimento operário.


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