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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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GOVERNO

Miriam Belchior, ligada ao ministro da Casa Civil, também irá preparar reforma administrativa que ocorrerá no final do ano

Indicada por Dirceu vai avaliar ministérios

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além da coordenação da área social, Miriam Belchior, assessora especial da Presidência, coordenará reuniões regulares de todos os secretários-executivos dos ministérios, os funcionários que tocam o governo na prática, e preparará a reforma administrativa que será feita com a mudança ministerial até o final do ano.
Insatisfeito com o desempenho da maioria dos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a Belchior, ligada a José Dirceu (Casa Civil), a tarefa de avaliar cada pasta e propor alterações.
Na última segunda-feira, ela começou a missão. Coordenou junto com Gilberto Carvalho, chefe do gabinete especial do presidente, uma reunião com todos os secretários-executivos para dar, segundo a Folha apurou, maior uniformidade às ações de governo. Essa reunião deverá acontecer no mínimo uma vez por mês.
Os secretários-executivos são os operadores dos ministérios. Segundos na hierarquia das pastas, cuidam, por exemplo, do orçamento. Os ministros têm função mais política e menos técnica.
No primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o então ministro da Casa Civil, Clóvis Carvalho, costumava dizer que o Brasil era governado por meio dos secretários-executivos, e não por intermédio dos ministros.
Na última reunião ministerial, de 18 de junho, Lula mostrou insatisfação com os relatos dos ministros sobre o que andavam fazendo em sua área. Salvaram-se poucos. Esse foi o motivo que levou Lula a encarregar Belchior da reorganização administrativa, incluindo com destaque a área social, e colocá-la em contato com os secretários-executivos. Essa saída tem a vantagem de evitar ciumeira política, já que causaria desconforto a ministros serem coordenados por uma assessora.
Belchior já tem estudos sobre reforma administrativa. Na fase de transição dos governos FHC para Lula, ela elaborou uma proposta que enxugava algumas áreas, como a social e a de infra-estrutura, mas que tinha, por exemplo, previsão de recriação da pasta da Administração.
Dirceu e o então chefe da equipe de transição, o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, julgaram mais adequado, porém, assumir o governo, conhecer os ministérios e, então, fazer reformulação administrativa.
Pesou ainda contra o plano de Belchior a vontade de Lula de atender politicamente a todos os partidos aliados e tendências do PT. Lula avaliou que precisava começar bem politicamente, já que as prioridades seriam as reformas e a gestão econômica.
O presidente considerou que o PT deveria aprender a ser governo para depois fazer ajustes. Esses ajustes estão previstos para dezembro, quando Lula quer fazer uma grande reforma ministerial.


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