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GOVERNO
Miriam Belchior, ligada ao ministro da Casa Civil, também irá preparar reforma administrativa que ocorrerá no final do ano
Indicada por Dirceu vai avaliar ministérios
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além da coordenação da área
social, Miriam Belchior, assessora
especial da Presidência, coordenará reuniões regulares de todos
os secretários-executivos dos ministérios, os funcionários que tocam o governo na prática, e preparará a reforma administrativa
que será feita com a mudança ministerial até o final do ano.
Insatisfeito com o desempenho
da maioria dos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deu a Belchior, ligada a José Dirceu (Casa Civil), a tarefa de avaliar
cada pasta e propor alterações.
Na última segunda-feira, ela começou a missão. Coordenou junto com Gilberto Carvalho, chefe
do gabinete especial do presidente, uma reunião com todos os secretários-executivos para dar, segundo a Folha apurou, maior
uniformidade às ações de governo. Essa reunião deverá acontecer
no mínimo uma vez por mês.
Os secretários-executivos são os
operadores dos ministérios. Segundos na hierarquia das pastas,
cuidam, por exemplo, do orçamento. Os ministros têm função
mais política e menos técnica.
No primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, o então ministro da Casa Civil, Clóvis Carvalho, costumava dizer que o Brasil era governado por meio dos secretários-executivos, e não por intermédio
dos ministros.
Na última reunião ministerial,
de 18 de junho, Lula mostrou insatisfação com os relatos dos ministros sobre o que andavam fazendo em sua área. Salvaram-se
poucos. Esse foi o motivo que levou Lula a encarregar Belchior da
reorganização administrativa, incluindo com destaque a área social, e colocá-la em contato com
os secretários-executivos. Essa
saída tem a vantagem de evitar
ciumeira política, já que causaria
desconforto a ministros serem
coordenados por uma assessora.
Belchior já tem estudos sobre
reforma administrativa. Na fase
de transição dos governos FHC
para Lula, ela elaborou uma proposta que enxugava algumas
áreas, como a social e a de infra-estrutura, mas que tinha, por
exemplo, previsão de recriação da
pasta da Administração.
Dirceu e o então chefe da equipe
de transição, o atual ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
julgaram mais adequado, porém,
assumir o governo, conhecer os
ministérios e, então, fazer reformulação administrativa.
Pesou ainda contra o plano de
Belchior a vontade de Lula de
atender politicamente a todos os
partidos aliados e tendências do
PT. Lula avaliou que precisava começar bem politicamente, já que
as prioridades seriam as reformas
e a gestão econômica.
O presidente considerou que o
PT deveria aprender a ser governo para depois fazer ajustes. Esses
ajustes estão previstos para dezembro, quando Lula quer fazer
uma grande reforma ministerial.
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