São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2000 |
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PAINEL Bico a bico FHC decidiu chamar Mário Covas para uma conversa a sós. Ela deve ocorrer nos próximos dias, em Brasília. Não discutirão temas administrativos nem pontuais. O presidente já avisou que a pauta do encontro é eminentemente política. A sucessão de 2002 é o seu ponto de fuga. Momento de decisão O gesto de FHC na direção de Covas é um sinal de que o presidente quer aparar as arestas entre ambos e unir esforços para começar a definir o nome que indicará à sua sucessão. Covas, nos últimos meses, acentuou suas críticas à política econômica e vem acumulando áreas de atrito, dentro de São Paulo e na relação com outros Estados. Tucaninho de ouro Aliados próximos de Covas dizem ter "certeza" de que o governador é candidato à sucessão de FHC. "Ele é como Gérson, o canhotinha de ouro; joga parado, observando o campo, e, na hora certa, define o jogo", diz um assessor. O problema é que o futebol hoje é muito mais veloz e disputado que em 70... Bronca caseira Não foi só na Esplanada dos Ministérios que as críticas de José Serra (Saúde) à reeleição provocaram reações de desagrado. Também no tucanato paulista, avalia-se que o ministro foi, no mínimo, inoportuno. Tempestade à toa Em Nova York, Serra (Saúde) disse a amigos ter ficado surpreso com as reações às suas declarações contra a reeleição. Disse que havia defendido a mesma coisa há menos de dois meses. E completou: "Querem me intrigar artificialmente com FHC". Bumerangue No Planalto, a responsabilidade pela repercussão exagerada das declarações de José Serra (Saúde) contra a reeleição foi atribuída a Pimenta da Veiga (Comunicações). O ministro teria esquentado um assunto motivado por interesses pessoais. Saindo do armário A Casa Civil esboçou o desenho de uma superagência. Ela reuniria a fiscalização do Banco Central, a CVM, a Secretaria de Previdência Complementar e a Superintendência de Seguros Privados. O projeto estava esquecido. Ganhou gás depois que o Ministério Público entrou na cola de Tereza Grossi, diretora de Fiscalização do BC. Efeito tequila Tucanos entenderam a vitória de Vicente Fox, o amigo mexicano de Mangabeira Unger (e guru de Ciro Gomes), como mais um sinal de que FHC precisa calibrar as iniciativas sociais do governo. O primeiro sinal, avalia-se no PSDB, foi a eleição da oposição na Argentina. A favor da maré José Gregori (Justiça) vai vestir-se de branco na próxima sexta-feira. Apesar de não participar do ato "Basta! Eu Quero Paz!", promovido pelo Instituto Sou da Paz, o ministro resolveu atender o pedido dos organizadores para que todas as pessoas usem roupas dessa cor. Marco zero Marta Suplicy (PT) pretende fazer dois grandes comícios na eleição paulistana. O primeiro, definido ontem, será no dia 27 de agosto, na praça da Sé. Sem recibo Pimenta da Veiga (Comunicações) desistiu de participar da reunião do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), amanhã, em Roraima. Pimenta pretendia convencer os secretários de Fazenda, que integram o conselho, a reduzir o ICMS das telecomunicações. Drible seco Sabendo da intenção de Pimenta da Veiga, os secretários estaduais fizeram uma reunião em caráter extraordinário na semana passada. E aprovaram uma resolução impedindo a votação, no encontro de Roraima, de novos benefícios fiscais. TIROTEIO Do tucano Aécio Neves (MG), sobre José Genoino (PT-SP) comemorar a condenação feita pelo PSDB à privatização do Banco do Brasil e da CEF, depois de terem vendido, segundo o petista, 80% da economia: - O PSDB e José Genoino têm pelo menos duas coisas em comum. Ambos são bem intencionados e têm uma incrível capacidade de readaptação. CONTRAPONTO Porta dos fundos A prefeita Wilma de Faria (PSB) nomeou para a Secretaria de Saúde de Natal seu então marido, Herbat Spencer. Uma das primeiras providências do secretário foi ir a Brasília falar com o ministro José Serra. Minutos antes do horário marcado para a audiência, uma assessora de Serra perguntou: -Quem é o senhor? -Herbat Spencer. Sou secretário da Saúde de Natal. A assessora olhou para a agenda e balançou negativamente a cabeça: - Há algum engano. Não há nenhuma audiência marcada em seu nome. O ministro vai receber agora o senador Fernando Bezerra (hoje ministro da Integração Nacional). Sorrindo, Spencer respondeu: - Não há erro. Como sabia que o ministro não me receberia, pedi ao senador que marcasse para mim. Só saio daqui depois de ser atendido... Próximo Texto: Questão agrária: Pacote para sem-terra não inclui investimentos novos Índice |
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