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"Querem ir à forra contra Lula", diz Renan
Presidente do Senado afirmou que setores da mídia estão querendo derrubá-lo como se fosse um "terceiro turno" contra petista
O ministro Walfrido dos Mares Guia repetiu ontem que o caso Renan "é uma questão do Senado" e que o Executivo não pode interferir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de ouvir senadores pedirem em plenário sua
saída, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
disse ontem que setores da mídia querem derrubá-lo, em um
terceiro turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
de quem é um dos principais
aliados. "Setores da mídia, que
não conseguiram derrubar o
presidente Lula, agora querem
ir à forra, querem ir ao terceiro
turno, derrubando o presidente do Senado Federal", afirmou
Renan, que disse estar sendo
vítima de uma "covardia".
A imprensa tem sido o principal alvo de Renan desde o início da crise. Ele já disse ser vítima de uma mídia "fascista" e
"nazista". O presidente do Senado voltou a dizer que não
pretende deixar o cargo. "De
nada adianta deixar a presidência. As pessoas acham que podem separar as instituições de
seus componentes, e não podem. As instituições são seus
componentes", afirmou ele.
Renan também afirmou que
não sabe do que está sendo acusado. O Conselho de Ética investiga se ele teve despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio
Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. A pedido de Renan,
Gontijo entregava R$ 12 mil
mensais à jornalista Mônica
Veloso, com quem o senador
tem uma filha de três anos.
"Essa crise é uma crise artificial. O que há contra mim? Qual
é a acusação que me fazem? É
porque eu tive um filho fora do
casamento?", questionou ele.
O senador também negou
que tenha apresentado notas
fiscais frias ao Conselho de Ética. "As notas foram atestadas,
são autênticas. As notas dos
compradores são outro problema. Por mim respondo eu",
afirmou Renan. Perícia preliminar feita pela Polícia Federal
apontou inconsistências nesses documentos.
O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares
Guia, repetiu ontem que o caso
"é uma questão do Senado" e
que o poder Executivo não pode interferir, "nem que quisesse". Enfatizou que "o ônus da
prova é de quem acusa, não é de
quem se defende" e evitou polemizar, ao ser questionado se
se Renan não estaria atrapalhando as investigações ao permanecer no cargo.
"Eu não posso opinar sobre
isso, nem senador eu sou." Ele
também negou que o governo
agiu nos bastidores para tirar
Sibá Machado (PT-AC) da presidência do Conselho de Ética.
"Não houve interferência nenhuma."
(FERNANDA KRAKOVICS e SILVIO NAVARRO)
Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de
Brasília
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